sábado, 5 de setembro de 2009

Desvendando onde estamos

Estamos Vivendo a Nova Aliança?
 
Por Sha’ul Bentsion
Baseado em estudo do Dr. James Trimm
1 – INTRODUÇÃO
Um dos argumentos principais das igrejas cristãs para defender a não-necessidade de cumprimento da Torá do Eterno seria o suposto fato de que estaríamos na nova aliança e não na “velha”. Será que isso é verdade?
Mesmo que estivéssemos vivendo a nova aliança, isso não seria suficiente para provar que a Torá não precisa ser cumprida. Mas, por outro lado, se não estamos ainda vivendo a nova aliança, então todos os argumentos subseqüentes das igrejas cristãs para não cumprirem a Torá caem por terra.
 
2 – O QUE É A NOVA ALIANÇA?
A Nova Aliança é uma promessa que é dada por D-us no Tanach (Primeiro Testamento). Mas, em que consiste? Vamos analisar aqui os textos que descrevem a Nova Aliança. O texto principal encontra-se em Yermiyahu (Jeremias):
“Eis que os dias vêm, diz o S-nhor, em que farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Yehudá, não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles violaram, apesar de eu os haver desposado, diz o S-nhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o S-nhor: Porei a minha Torá no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu D-us e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao S-nhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o S-nhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.” (Yermiyahu / Jeremias 31:31-34)
Estes são os termos principais da Nova Aliança. Será que de fato podemos dizer que isso já aconteceu, se a casa de Israel ainda está dispersa? Podemos dizer ainda que em Israel todos conhecem ao Eterno sem precisarem ser ensinados?
Vamos ver mais alguns termos…
“e farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. E alegrar-me-ei por causa deles, fazendo-lhes o bem; e os plantarei nesta terra, com toda a fidelidade do meu coração e da minha alma. Pois assim diz o S-nhor: Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre eles todo o bem que lhes tenho prometido. E comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis: E uma desolação, sem homens nem animais; está entregue na mão dos caldeus. Comprarão campos por dinheiro, assinarão escrituras e as selarão, e chamarão testemunhas, na terra de Binyamin, e nos lugares ao redor de Yerushalayim, e nas cidades de Yehudá e nas cidades da região montanhosa, e nas cidades das planícies e nas cidades do Sul porque os farei voltar do cativeiro, diz o S-nhor.” (Yermiyahu / Jeremias 32:40-44)
Pergunta: todos os judeus já voltaram do cativeiro? E os cativos da casa de Israel onde estão? Se a Nova Aliança tivesse começado logo após o sacrifício de Yeshua, por que Israel só começou a voltar do cativeiro 50 anos atrás?
Vamos continuar nossa análise, agora com o profeta Ezequiel:
“Contudo eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo uma aliança eterna. Então te lembrarás dos teus caminhos, e ficarás envergonhada, quando receberes tuas irmãs, as mais velhas e as mais novas, e eu tas der por filhas, mas não por causa da aliança contigo. E estabelecerei a minha aliança contigo, e saberás que eu sou o S-nhor; para que te lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando eu te perdoar tudo quanto fizeste, diz o S-nhor D-us.” (Ezequiel 16:60-63)
Com o secularismo ganhando força em Israel, podemos claramente perceber que Israel está longe de atingir o arrependimento que ocorrerá na Nova Aliança.
Vamos ver o que mais Ezequiel diz a respeito do tema:
“Farei com eles uma aliança de paz, que será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu Santuário no meio deles para sempre. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu D-us e eles serão o meu povo.” (Ezequiel 37:26-27)
Com tantos judeus no exílio, e com os descendentes das 10 tribos sequer tendo sido restaurado, podemos afirmar que já chegou o tempo da multiplicação? E o Templo? Aqui vemos que o Templo estar presente é parte integrante da Nova Aliança. Onde está o Templo?
Vamos ver agora o que Yeshayahu (Isaías) diz a respeito do tema:
“Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o S-nhor: a minha Ruach, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus filhos, nem da boca dos filhos dos teus filhos, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre.”
Vemos aqui que a Nova Aliança traz também uma promessa de que não só nós, mas também nossos filhos e netos, e posteriores gerações não se desviarão do Eterno. Podemos dizer que isso já acontece hoje em dia?
 
3 – RESUMO DAS CONDIÇÕES PROFÉTICAS
Vejamos então agora um resumo das características da Nova Aliança:
1 – O Eterno colocará a Sua Torá de forma interna em Israel e a escreverá nos seus corações. Em outras palavras, Israel será naturalmente obediente ao Eterno. Não haverá mais desobediência. (Jer. 31:33; 32:40)
2 – Israel terá com o Eterno um relacionamento íntimo, de cumplicidade. (Jer. 31:33; Ez. 37:27-28)
3 – Todo o Israel conhecerá naturalmente ao Eterno. (Jer. 31:34)
4 – Ninguém mais precisará aprender sobre Quem é o Eterno. Todos já saberão naturalmente. (Jer. 31:34)
5 – TODAS as transgressões de Israel serão perdoadas. (Jer. 31:35; Ez. 16:63; Hb. 9:15, 22)
6 – TODA a terra prometida será dada a Israel. (Jer. 32:41-44; Ez. 37:26)
7 – D-us fará multiplicar a Casa de Israel (Ez. 37:26)
8 – O Templo estará permanentemente (Ez. 26-28)
Total de profecias sobre a Nova Aliança: Oito
Total de profecias já cumpridas: NENHUMA
Alguém ainda duvida que não estejamos na Nova Aliança?
4 – A NOVA ALIANÇA É O EVANGELHO?
A Nova Aliança é a aliança bíblica mais incompreendida de todas. O problema é que as pessoas confundem as Boas Novas (o chamado ‘evangelho’) com a Nova Aliança.
Porém, as Boas Novas não são a Nova Aliança, mas sim a promessa da Nova Aliança! Uma das chaves para entendermos isso está em Yeshayahu (Isaías) 59. Repare que no versículo imediatamente anterior ao que fala sobre a Nova Aliança, temos o seguinte:
“E virá um Redentor a Tsion e aos que em Ya’akov se desviarem da transgressão, diz o S-nhor.” (Yeshayahu / Isaías 59:20)
Repare que um pouco antes da Nova Aliança, era necessário que viesse o Redentor. Com a vinda do Redentor tendo se cumprido em Yeshua, isso significa que a Nova Aliança está mais próxima do que nunca!
5 – ENTENDENDO A OBRA REDENTORA DE YESHUA
É preciso entender que a obra redentora de Yeshua tem dupla função. A primeira é restaurar o relacionamento dos homens para com D-us, realizando a teshuvá (retorno ao Eterno) na vida destes homens. Este é o aspecto presente do sacrifício de Yeshua.
O segundo aspecto é nos salvar do Julgamento, pois sem Ele estaríamos condenados. Este é o aspecto futuro. Como o julgamento virá imediatamente com a vinda do Messias, isto significa que cronologicamente a Nova Aliança começa assim que termina o julgamento.
Quais são então as Boas Novas sobre a Nova Aliança? As Boas Novas são que, como não seremos condenados no Julgamento, poderemos viver o Milênio com Yeshua, que é a Nova Aliança!
Em outras palavras: o evangelho é a PROMESSA da Nova Aliança, e não a Nova Aliança em si!
6 – FATOS SOBRE A NOVA ALIANÇA
Alguns outros fatos sobre a Nova Aliança:
1 – A palavra “Nova” aqui (Chadashá) não significa algo novo no sentido de partir do zero. A palavra chadashá também pode significar, e é o caso aqui, uma renovação. A Nova Aliança nada mais é do que a renovação da aliança que o Eterno fez com Israel.
2 – A Nova Aliança é sempre mencionada em conexão com o Reino do Milênio (Por exemplo: vide Jer. 31:31-34 à luz do contexto de 34:10-40. Vide Jer. 32:40-44 no contexto de 32:37-44. Vide Ez. 37:26-27 à luz do contexto de 37:1-29. Veja ainda Mt. 26:28-29)
3 – Repare que na Nova Aliança, não teremos mais ofertas de sacrifício pelos pecados (vide Hb. 10:16-18). Porém:
a) Hb. 10:1-3 diz que atualmente os sacrifícios permanecem como recordação;
b) Rav. Sha’ul (Paulo) fez oferta pelo pecado (Atos 21:23-26, à luz de Num. 6:13-21, e também Atos 24:17-18)
c) Durante a tribulação haverá sacrifícios no Templo (Daniel 9:27)
4 – Repare ainda que Yeshua se recusou a tomar do cálice da Nova Aliança até o Seu retorno para estabelecer o Seu Reino (Mt. 26:28-29 = Mc. 14:15 = Lc. 22:20)
5 – Podemos ver claramente que a Aliança Mosaica ainda permanece vigente (repare que em Hb. 8:13 ela ainda não havia desaparecido – leia ainda Mt. 5:18)
 
7 – PAULO NÃO DECLAROU A ALIANÇA MOSAICA OBSOLETA?
Outra grande confusão que ocorre a respeito da Nova Aliança tem a ver com Hebreus 8. Esta parte de Hebreus apenas ensina que a Nova Aliança é superior à Aliança Mosaica. Não porque o objetivo da Nova Aliança fosse substituir a Aliança Mosaica, mas sim porque a Aliança Mosaica é baseada no Santo dos Santos do Templo terreno.
Já a Nova Aliança pertence ao Templo Celestial. Agora, repare que o Templo Celestial (que nada mais é do que a própria presença do Cordeiro – vide Ap. 21:22) ainda não se encontra presente na Terra. Só estará presente justamente quando Yeshua voltar. E é aí que entrará em vigência a Nova Aliança.
O problema está que as pessoas não entendem o argumento de Rav. Sha’ul (Paulo). Rav. Sha’ul está fazendo uso aqui de uma técnica rabínica típica da escola de Hillel, onde Rav. Sha’ul (Paulo) estudou, que é a “g’zara sheva” (equivalência de expressões). A equivalência é usada para se fazer uma drash (exposição). Caso realmente a promessa da Nova Aliança tornasse automaticamente a Aliança Mosaica obsoleta, então ela teria ficado obsoleta quando Jeremias escreveu o texto, o que significaria dizer que a Nova Aliança teria começado 600 anos antes de Yeshua!
Na realidade, podemos ver por Hebreus 10 que Rav. Sha’ul havia acabado de explicar a figura de Yeshua no Yom Kipur (Dia da Expiação), exposição esta que foi feita nos capítulos 8 e 9. E podemos ver nos versículos 10:1-3 que os sacrifícios permanecem como lembrança! Se Rav. Sha’ul (Paulo) estivesse escrevendo contra a Aliança Mosaica, ele jamais poderia ter escrito que os sacrifícios permaneciam!
Aliás, se analisarmos Hebreus 10:25 atentamente, Rav. Sha’ul (Paulo) se opõe claramente àqueles que não observam o Yom Kipur, encorajando as pessoas a fazê-lo! Isso joga por terra todo argumento dos antinomianos de que Rav. Sha’ul (Paulo) teria pregado (absurdamente) a abolição da Torá.
Para entendermos o que Rav. Sha’ul (Paulo) está dizendo em Hebreus 8, temos que recorrer aos textos citados por ele: Tehilim (Salmos) 40, e Jer. 31. Rav. Sha’ul (Paulo) amarra o conceito da Torá no coração e do fim dos sacrifícios, presentes em Tehilim (Salmos) 40, à Nova Aliança em Jer. 31. Rav. Sha’ul (Paulo) argumenta que haverá um tempo (que claramente não é o tempo presente) em que os sacrifícios não serão mais feitos porque o pecado não mais será lembrado, pois serão em memorial de pecados que já terão sido esquecidos quando o Julgamento tiver passado e a Nova Aliança estiver vigente. Rav. Sha’ul (Paulo) encerra ainda citando Habacuque 2:3-4, demonstrando claramente que a Nova Aliança virá quando o Messias voltar.
8 – CONCLUSÃO
O ponto chave, portanto, alegado por muitas igrejas cristãs para não cumprirem as Leis do Eterno simplesmente não tem fundamento algum.
As Boas Novas do Messias se referem, dentre outras coisas, à promessa da Nova Aliança, que entrará em vigência em Seu Reino Vindouro, e não tem nem nunca teve por objetivo tornar obsoleta a Aliança Mosaica. 

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