terça-feira, 18 de agosto de 2009

Analisando Atos 15

Os Gentios e a Torá
Por Gamli'el ben Avraham
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A versão da Bíblia utilizada para análise deste estudo é a do “Novo Testamento Judaico” de David Stern por considerá-la com a tradução mais fiel do grego no mercado nacional. Quando houverem referências aos cinco primeiros livros, utiliza-se a Torá; e aos demais livros do Tanakh (Antigo Testamento) utiliza-se a versão da Bíblia NVI. Não será usado a palavra Deus, por sua conotação ligada a deidades pagãs, por este motivo usa-se as palavras Eterno, HaShem, Adonai e Elohim para descrever O Criador. Também não usaremos o nome do Eterno “YHWH” ao invés será usado a palavra Adonai, por respeito ao nome do Eterno que era pronunciado apenas uma vez ao ano no dia de Yon Kipur. Igualmente, optou-se por Tanach ao invés de Antigo Testamento, e Brit Chadashá (que significa “Aliança Renovada”), ao invés de Novo Testamento.
Será desenvolvido aqui uma análise verso a verso do capítulo 15 do livro Maaseh Shlichim “Atos dos Apóstolos”, baseado nos trabalhos (em ordem alfabética) de: Chris Schaefer, David Stern, James Scott Trimm, Joseph Shulam, Ken Power, Moshe Yoseph Koniuchowsky, Sha’ul Bentsion, e Tim Hegg. Mas antes necessita-se fazer uma introdução para que se possa entrar no contexto e assim entendermos realmente o que a Palavra do Eterno tem a nos dizer, e em nosso caso específico o que realmente diz Atos 15.
Um dos assuntos mais controversos sobre a Bíblia é o de que se nós temos que seguir ou não a Torá (também chamada como Lei Mosaica). De um lado, temos a Torá entregue a Moshe por HaShem que nos dá inúmeras instruções específicas sobre como nos achegar a Ele, o Todo-Poderoso, e que estas são “estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.” (ou seja, nunca mudam). O Eterno diz claramente em Bamidbar/Números 15:15-16 – “A congregação terá um estatuto, para vós e para o prosélito que peregrina; estatuto perpétuo nas vossas gerações; como para vós será para o prosélito, diante do Eterno. Uma mesma Lei e um mesmo juízo haverá para vós e para o prosélito que peregrina convosco.” Por outro lado, temos as escrituras da Brit Chadashá (NT) que ensina claramente que a Lei é impotente pois nos entrega a maldição do pecado. Lembre-mo-nos o que diz em Bamidbar/Números 23:19 – “O Eterno não é homem para que minta; nem filho do homem para que Se arrependa; se Ele disse, não o fará? E tendo falado, não o cumprirá?” O que então Adonai quer fazer conosco?
Hoje muitos falam e com muito apoio bíblico que já não mais é necessário seguir a Torá, pois o sacrifício de Yeshua no Calvário anulou a Torá. Outros dirão também com um amplo apoio bíblico, que estes são os preceitos revogados pelo Eterno, registrados para nosso benefício e esclarecimento. Outro grupo de pessoas (uma vasta maioria) dirá ainda que tem apenas uma idéia vaga de algo chamado “Lei Mosaica” ou mais ainda que “Torá” existe. Estas pessoas não possuem nenhum conceito claro do que a Torá prescreve, o que ela fará por eles, ou o que acontecerá se eles não cumprirem/“manterem” o que ela descreve.
Vamos definir a seguir algumas terminologias e discutir nossas fontes. A palavra hebréia traduzida por “lei” é Torá. O Dicionário Strong’s a define como: “um preceito ou estatuto, especialmente o Decálogo [as Dez Ordenanças] ou Pentateuco [os cinco livros de Moshe]—lei.” Mas há mais do que isto. Baker and Carpenter’s define a Torá como: “um substantivo feminino que significa instrução, direção, lei, a Lei inteira. Yarah vem do verbo que tem como um de seus significados principais ensinar, instruir. O substantivo significa instrução de um modo geral de HaShem…. é regularmente usado para descrever instrução sacerdotal em geral ou como um todo…. O termo assume o significado de lei em certas colocações…. [é] usado como um termo sumário de vários corpos legais, culto, ou instruções civis…. A palavra pode recorrer a uma única lei—por exemplo, a lei da oferta queimada.”
Fica claro, que o espírito da palavra Torá apóia-se menos à legalidade rígida que faz à instrução. Não é como uma lista de roupa para se levar a lavanderia e segui-la é uma prescrição para um viver próspero — como Power bem define ao chamá-la de “Manual do Proprietário”, se o seguirmos, nos dirigiremos para o propósito e função planejado do Criador de todas as coisas e nosso Pai Celestial.
Vamos clarificar as coisas através de uma metáfora para nos ajudas a entender melhor.
O manual do proprietário de seu carro inclui uma “Torá” que diz que deve-se trocar o óleo a cada 10.000 km e usar um tipo particular de lubrificante. Se você fizer isso “como o Manual ensina” terá “mantido a lei” da troca de óleo. Mas você tem que manter a lei inteira. Se você usa o óleo certo mas espera até que o velocímetro atinja os 100.000 km, ou; se você fizer a troca no momento certo mas usar o óleo de cozinha em vez do Mobil, você terá “quebrado a lei” da troca de óleo, embora mantivesse de fato parte desta.
Agora aqui está a pergunta: quem é culpado se você quebrar a lei da troca de óleo? Você! — você encurtou a vida do motor de seu carro até certo ponto ou fez com isto que ele tivesse uma menor eficiência. Quebrar a “lei” leva a uma penalidade. Mas isso faz com que “HaShem” (neste caso, o Presidente da General Motors) seja culpado? Não. Até mesmo se ele fosse onisciente — sabendo de alguma maneira que você tinha ido além de seus 10.000 km — tudo que ele poderia sentir seria tristeza ou desgosto porque de algum modo distante é uma reflexão pobre se seu carro se quebrar em meses em vez de décadas. Ele quer que você siga as instruções? Claro que Ele deseja. Foi por isso que elas foram feitas. Mas elas estão lá para seu benefício, não Dele.
Esta é com toda certeza uma metáfora por demais simplificada. A Torá de HaShem vai além de manter nossos corpos saudáveis por longo tempo. Além disto nenhum valor temporal abrange tudo, mas ela é puramente para uma instrução significativa — seu valor espiritual.
No filme Karatê Kid, havia um garoto que quis aprender Karatê, mas terminou encerando carros: encere para dentro, encere para fora. Ele não percebeu que com os movimentos de encerar os carros que estava treinando na realidade as manobras de artes marciais. Muito da Torá é semelhante a isto. Está cheio de rituais, feriados, banquetes, e oferecimentos que não parecem significar muito para qualquer pessoa. Como são regras, algumas são “práticas” como (por exemplo) a que ensina que nós não comêssemos urubus. Além do mais, elas nos ensinam coisas específicas sobre o plano de redenção de Adonai, a profundidade do Seu amor para conosco, e o tempo Dele — a lista à fazer Dele. Elas são profecia, que você vê cumpridas no sacrifício reconciliador de Yeshua o Mashiach.
A Torá é mais do que uma lista de regras, mas sim um manual de instruções de nosso Fabricante, não deveria ser surpresa, ela vir com um inventário direto de todas as “Leis de Moshe” o que é mais fácil dizer do que concluir. Cristãos e judeus incluem o Pentateuco nas suas escrituras, mas os cristãos (para nosso detrimento) prestam comparativamente pouca (para não dizer nenhuma) atenção a Torá, deixando aos judeus o seu cumprimento.
Tracey R. Rich, tem algumas coisas forçosas para dizer sobre o “manter da Lei.” Ele escreve,
“O Judaísmo não é apenas um jogo de convicções... O judaísmo é um modo inclusivo de vida, cheio de regras e práticas que afetam todo aspecto da vida: o que você faz quando você acorda pela manhã, o que você pode e não pode comer, o que você pode e não usar, como se cuidar, como administrar seu negócio, com quem você pode se casar, como observar os feriados e Shabat, e talvez mais importante, como tratar HaShem, outras pessoas, e os animais. Esta fixação de regras e práticas é conhecido como Halachá. A palavra Halachá ‘normalmente é traduzida como ‘Lei judaica'. Uma tradução mais literal poderia ser ‘o caminho a caminhar'. A palavra é derivada da raiz hebraica heh-lamed-kaf, que significa pretendendo ir, caminhar, ou viajar.”
E ele continua...
“Alguns não-judeus e os judeus não-observantes criticam este aspecto de legalismo, de Judaísmo tradicional, dizendo que reduz a religião a um jogo de rituais destituído de espiritualidade. Enquanto houver alguns judeus que observam a Halachá deste modo, certamente, essa não é a intenção da Halachá, e este nem mesmo é o modo correto para observar a Halachá. Pelo contrário, quando corretamente observada, a Halachá aumenta a espiritualidade na vida de uma pessoa porque transforma os atos mais triviais, mundanos, como comer e se vestir, em atos com significado religioso. Quando as pessoas escrevem a mim e me perguntam como aumentar a sua espiritualidade ou a influência da sua religião nas suas vidas, a única resposta que eu posso pensar é: observe mais a Halachá. Mantenha as velas de Shabat acesas; ore depois das refeições ou algumas vezes ao dia. Quando você fizer estas coisas, lhe fazem lembrar constantemente de sua fé, e se torna uma parte integrante de sua existência inteira.”
As mitsvot (mandamentos, estatutos, ordenanças) foram projetadas para levar o seu observante a uma relação mais íntima com Adonai. Assim, nós só podemos ser mais íntimos de Adonai pela Torá porque são os preceitos Dele, as instruções Dele. A torá é amor e não observância legalista. Yeshua disse aos p'rushim (fariseus) e escribas: “... Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens [Halachá]. Porque, deixando o mandamento de HaShem [Torá], retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de HaShem para guardardes a vossa tradição.” (Marcos 7:6-9)
As leis e observâncias instituídas pelos rabinos chamadas de Halachá e existentes há muito tempo, antes mesmo do nascimento de Yeshua, não tem nenhum peso; somente as palavras de HaShem contam, somente a Torá é nossa autoridade exclusiva. Isto não quer dizer que um judeu seja ele ortodoxo, conservador ou reformista, não tenha nada a nos ensinar. Se e quando um judeu reconhecer o Mashiah, quando eles se tornarem um cidadão do Reino dos Céus, eles estarão em uma posição de acrescentar profundidade a nosso conhecimento de ir até HaShem. Como disse Yeshua, “... Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” (Mattityahu/Mateus 13:52) O melhor exemplo que nós temos disto é indubitavelmente o Rav. Sha'ul (Apóstolo Paulo). Os escritos dele são nossas exposições mais claras em como a Lei de Moshe se relaciona à prática do Judaísmo Messiânico (judeus seguidores de Yeshua HaMashiach).
Shulam nos lembra que,
“No Novo Testamento também encontramos uma grande variedade de estilos literários, inclusive material jurídico, visto que há leis no Novo Testamento. Sha'ul muitas vezes fez (e também os apóstolos em Atos 15), sem dúvida, exigências legais; leis que estão permanentemente sobre a congregação, sobre todos os seguidores de Yeshua HaMashiach, sejam eles judeus ou gentios, havendo exigências específicas para cada um estabelecidas pelos apóstolos, pelo poder da Ruach HaKodesh. Então, ninguém pode dizer, como o Cristianismo tradicional tem dito, que o Velho Testamento é Lei, e o Novo Testamento é Graça. Não! Há graça na Lei, e há lei na Graça que recebemos de Yeshua HaMashiach. Amontoar essas coisas e dizer 'Velho Testamento' e 'Novo Testamento' é um erro, uma grave incompreensão. A terminologia bíblica não é essa. Aqueles termos originam-se na tradição cristã e foram atribuída aos livros que chamamos de Bíblia.”
A Halachá consiste em decisões rabínicas acerca do cumprimento de uma mitsvá (mandamento). Por exemplo: a Torá fala que “é proibido trabalhar no Shabat”. A Halachá diria o que significa “trabalhar no Shabat”, e assim por diante. Yeshua deu a seus seguidores a autoridade para fazerem Halachá quando disse: “Sim, eu lhes digo: tudo o que vocês proibirem na terra terá sido proibido no céu, e tudo o que vocês permitirem na terra terá sido permitido no céu.” (Mattitiyahu/Mateus 18:18) – o que Yeshua está dizendo aqui é em questões com julgamentos legais e Halachá, não com oração. David Stern em seu “Comentário Judaico do Novo Testamento”, págs. 83-84, coloca que,
“as palavras traduzidas como 'proibir' e 'permitir' são literalmente, 'atar' e 'soltar'. Esses termos foram utilizados no judaísmo do século I para significar 'desligar' e 'ligar'... … Yeshua [está] falando a respeito daqueles que têm autoridade de governar a vida na comunidade messiânica, os comissiona para estabelecer uma Halachá da Nova Aliança, ou seja, para tomar decisões de autoridade onde houver uma questão sobre como a vida messiânica deva ser vivida. Yeshua está ensinando que, quando o assunto é trazido formalmente a um grupo de dois ou três líderes da comunidade messiânica, eles assumem uma decisão haláquica aqui na Terra, e pode-se ter a certeza de que a autoridade de HaShem no Céu está por trás deles.”
É exatamente isso o que está acontecendo em Atos 15, através do Concílio de Jerusalém. Portanto, a Halachá é como uma jurisprudência e não lei. Ou seja: o objetivo é auxiliar e orientar aos que temem ao Eterno sobre como viverem na constituição que o Eterno nos deu, que é a Torá. Contudo, uma “violação à Halachá” não é pecado, como o é a violação da Torá, pois a Halachá não tem status de lei. A Halachá deve ser um benefício, um auxílio para o povo, e não um jugo, como muitas vezes o é a Halachá rabínica. Muitas vezes a Halachá rabínica é correta, mas em muitas outras perde o espírito, e se torna um fardo para o povo. A Halachá rabínica possui instruções valiosas, mas deve ser revista aos olhos dos ensinamentos de Yeshua, e da própria Torá (pois frequentemente a Halachá rabínica viola a Torá escrita).
De outo lado, o Cristianismo rejeita quase todas as mitsvot (mandamentos) da Torá, obviamente rejeita a Halachá rabínica. Contudo, muitas vezes inconscientemente, acabam adotando um preceito semelhante no que diz respeito às tradições romanas. Muitas tradições estabelecidas por Roma hoje são dogmáticas para as igrejas cristãs, em maior ou menor grau de acordo com cada igreja. O preceito é muito semelhante, embora em não tão grande escala, ao da Halachá rabínica. Um exemplo disso é a observância do domingo (romano), ao invés da observância do shabat (bíblico) feita pela igreja católica e protestante.
Vimos que a palavra "halachá" significa "modo de caminhar", e a necessidade de halachá pode ser melhor descrita de três maneiras:
  1. Esclarecer as mitsvot (mandamentos) que são mais vagas. Exemplos: guet e tefilin.
  2. A governabilidade da Torá: Que preceitos têm precedência sobre outros? Exemplo: b'rit milá x Shabat.
  3. A mitsvá de estabelecer juízes e cortes. Devarim/Deuteronômio 16:18 – “Juízes e policiais designarás para ti em cada uma de tuas tribos, em todas as tuas cidades que o Eterno, teu Elohim, te dá, e julgarão o povo com reto juízo.”
A Halachá teve seu início com Moshe Rabeinu: Shemot/Êxodo 18:13 – “Consumir-te-as e também o povo que está contigo; pois a coisa é pesada demais para ti; não poderás fazê-la tu sozinho.”
E nesta passagem de Shemot (Êxodo) nos versículos de 13 a 26; bem como em Devarim (Deuteronômio) capítulo 1 versículos de 9 a 18, temos o apontamento do primeiro Beit Din (Concílio) Yisra'elita.
O protestantismo trouxe consigo a idéia de que cada homem é uma ilha que pode interpretar as Escrituras da forma como deseja. Porém, isso não é verdade; como podemos observar em Devarim/Deuteronômio 1:17 – “Não conheçais faces no juízo; ao pequeno como ao grande do mesmo modo ouvireis; não temereis a homem algum, porque o juízo é de Elohim; e a causa que for difícil para vós, a trareis a mim e ouvirei.” Bem como em 2 Timóteo 2:15 – “Faça tudo o que puder para apresentar-se a Elohim como alguém digno de aprovação, um trabalhador que não precisa envergonhar-se, porque anda retamente na Palavra da Verdade [Torá].”
O Beit Din tem autoridade para fazer Halachá conforme diz a Torá em Shemot/Êxodo 18:20 – “E adverti-los-as sobre os estatutos e as leis, e fá-los-ás saber o caminho por onde andarão, e a obra que farão.” e em Devarim/Deuteronômio 17:11 – “Conforme o mandado da palavra que te ensinarem, e conforme o juízo que te disserem, farás; não te desviarás da sentença que te anunciarem nem para a direita nem para a esquerda.”
Vemos que de início, a autoridade era do Beit Dim era limitada. Porém, aos poucos, a medida em que o Beit Din original foi ganhando maturidade, sua autoridade foi aumentando:
De início: Shemot/Êxodo 18:22 – “E julgarão o povo em cada hora, e todo caso importante trarão a ti, e todo caso pequeno, julgarão eles; e aliviar-te-ão, e levarão a carga contigo.” e Devarim/Deuteronômio 1:17.
Depois: Devarim/Deuteronômio 17:8-9 – “Quando alguma lei te for desconhecida em juízo – se um sangue for puro, se uma causa for justa ou injusta, se uma mancha for pura ou impura, ou se surgirem causas que provoquem divergências de opiniões em tuas cidades -, levantar-te-ás e subirás ao lugar que escolher o Eterno, teu Elohim. E virás aos Sacerdotes-Levitas e ao juiz que houver naqueles dias, e indagarás e te anunciarão a sentença do juízo.”
Os 70 anciãos: Bamidbar/Números 11:16-17,24-25 – “E disse o Eterno a Moshe: 'Ajunta-Me setenta homens dos anciãos do povo e seus guardas, e os levarás à tenda da reunião e ficarão aí contigo. E Eu descerei e ali falarei contigo, e os enobrecerei, tirando uma parte do espírito que está sobre ti e pondo-o sobre eles, e levarão contigo a carga do povo e não a levarás tu sozinho. (…) E saiu Moshe e repetiu ao povo as palavras do Eterno, e juntou setenta homens dos anciãos do povo, e os fez ficar em redor da tenda. E apareceu o Eterno na nuvem e falou-lhe; e tirou do espírito que estava sobre ele e o pôs sobre os setenta homens anciãos; e foi assim como pousou sobre eles o espírito, e profetizaram naquele dia, e depois nunca mais.”
Séculos após, o judaísmo se fragmentou em vários segmentos, sendo as principais delas: os p'rushim (fariseus), os ts'dukim (saduceus) e os issim (essênios). Com o tempo, os ts'dukim (saduceus) assumiriam controle da "Grande Assembléia", então o Beit Din se esfacela e os ts'dukim acusavam os p'rushim de fazerem acréscimos à Torá. Flavio Josefo em “Antiguidades” 13:10:6 relata:
"O que eu agora explico é isto, que os P'rushim têm conduzido as pessoas a um grande número de observâncias pela sucessão de seus pais, que não estão escritas na Torá de Moshe; e por esta razão os Ts'dukim os rejeitam e dizem que nós devemos considerar apenas as observâncias que são obrigatórias, as quais estão na Palavra escrita, mas não devemos observar as que se derivam da tradição [takanot] de nossos pais."
Os p'rushim acusavam os ts'dukim de terem se corrompido, e a "Grande Assembléia" de ter se tornado um instrumento político de Roma. Na época de Yeshua, haviam três Sanhedrins (Beit Din máximo): o controlado pelos ts'dukim, que era influenciado por Roma, o dos p'rushim, e o dos issim, que se isolou do restante de Yisra'el. Como Sha’ul Bentsion disse: "Somente um descendente de David poderia resgatar o trono de Adonai e estabelecer a verdadeira halachá.”
Yeshua tinha a autoridade para fazer halachá, como podemos ver em Mattitiyahu/Mateus 28:18 – “... toda a autoridade no céu e na terra foi dada a mim.” Vejamos também o que diz o Tanach em Ieshaiáhu/Isaías 22:22-23 – “e porei a chave da casa de David sobre o seu ombro, e abrirá, e ninguém fechará, e fechará, e ninguém abrirá. E fixa-lo-ei como a um prego em um lugar firme e será como um trono de honra para a casa de seu pai.” e o que diz ainda a Brit Chadashá com o livro de Guilyana/Apocalipse 3:7-8 – “Ao anjo da comunidade messiânica de Filadélfia, escreva: 'Eis a mensagem do Hakadosh, o Verdadeiro, que possui a Chave de David, o qual, se abrir algo, ninguém será capaz de fechar, e, se fechar alguma coisa, ninguém poderá abrir. Conheço as suas ações. Veja: Coloquei diante de você uma porta aberta, e ninguém poderá fechá-la. Sei que você tem pouca força, mas obedeceu à minha mensagem e não me desonrou.”
Em Mattitiyahu/Mateus 16:18-19 – “Eu também lhe digo isto: Você é Kefa [que significa pedra], e sobre esta pedra edificarei minha comunidade, e as portas do Sh'ol não a poderão vencer. Eu lhe darei as chaves do Reino dos Céus; o que você proibir na terra será proibido no céu, e que você permitir na terra será permitido no céu.”, aqui vemos Yeshua dando a Kefa (Pedro) e aos messiânicos as chaves do Reino, e a autoridade para fazer halachá. Isto é confirmado em Mattitiyahu/Mateus 18:16-17 – “Mas, se ele não ouvir, leve mais um ou dois outros com você, de modo que qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouví-los, conte a congregação; e, se ele se recusar a ouvir até mesmo a congregação, trate-o como você faria em relação a um pagão ou cobrador de impostos.” compare com Devarim/Deuteronômio 19:15-19 – “Não valerá uma testemunha contra um homem por qualquer delito ou por qualquer pecado; seja qual for o pecado que cometer, pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se afirmará a causa. Quando se levantarem testemunhas falsas contra alguém, para testemunhar contra ele falsidade, então os dois homens (e as testemunhas), que tem o litígio, se apresentarão diante do Eterno, diante dos sacerdotes e dos juizes que estiverem naqueles dias. E indagarão os juizes bem, e se forem falsas as testemunhas, e falso testemunharem contra seu irmão, fareis a eles como pensavam fazer a seu irmão, e eliminarás o mal do meio de ti.”. Aqui vemos que Mattitiyahu/Mateus 18 cita Devarim/Deuteronômio 19, o que deixa bem claro que os "sacerdotes e juízes que houver nesses dias" é uma referência à kehilá (congregação) messiânica.
O termo "ligar e desligar" é um termo semita, que se refere à habilidade dos juízes de interpretarem proibições (ligar) e permissões (desligar) da Torá. Em Atos 15, vemos o estabelecimento do Beit Din Messiânico, como um organismo mundial com autoridade de halachá. Os membros do Beit Din Inicialmente, foram apontados por Yeshua como vemos em Mattitiyahu/Mateus 10:2 – “Estes são os nomes dos doze emissários...”. Posteriormente, eram apontados pela própria comunidade messiânica através da direção da Ruach HaKodesh como podemos ver em Atos 13:1-3 – “Na congregação de antioquia, havia profetas e mestres: Bar-Nabba, Shm'on (conhecido por 'o Negro'), Lucio (de Cirene), Menachem (que foi criado com Herodes, o governador), e Sha'ul. Certa vez, enquanto adoravam a Adonai e jejuavam, a Ruach HaKodesh lhes disse: 'Separem Bar-Nabba e Sha'ul para a obra a que os chamei'. Depois de jejuar e orar, colocaram as mãos sobre eles e os enviaram.”, e ainda em Atos 7:3-6 – “E lhe disse: 'Deixe a sua terra e sua família e vá para a terra que Eu lhe mostrarei'. Então ele deixou a terra dos caldeus e viveu em Haran. Depois da morte de seu pai, Elohim o fez chegar a esta terra, onde vocês agora vivem. Ele não lhe deu nenhuma herança aqui, nem o espaço de um pé; contudo, lhe prometeu dar a posse dela, e a seus descendentes depois dele, embora, naquele tempo Avraham não tivesse filhos. O que Elohim lhe disse foi: 'Seus descendentes serão forasteiros em uma terra estranha, e eles serão escravizados e oprimidos durante quatrocentos anos.”
Assim, podemos ver aqui que o Beit Din Local e Atos 7 era submetido ao Sanhedrin Messiânico (Beit Din Internacional). Com isso, podemos ver que em Atos 15, o Sanhedrin Messiânico era composto por líderes messiânicos, e presidido por Ya'akov HaTsadik (Tiago, o Justo), irmão de Yeshua.
Yisra'el sempre foi, e sempre será o povo da aliança. Não existe Yisra'el físico e Yisra'el espiritual, mas sim um único Yisra'el. Todos os Yisra'elitas devem se esforçar ao máximo para viverem na Torá, e são responsáveis por isto à medida em que vão aprendendo. Aos efraimitas, que estão retornando, o Concílio de Jerusalém em Atos 15 deu a recomendação de começar com um padrão mínimo, e irem evoluindo à medida em que aprendiam a Torá nas sinagogas (Atos 15:21 – “Porque, desde os tempos antigos, Moshe é anunciado em todas as cidades, e suas palavras são lidas nas sinagogas a cada shabat.”). Não existe distinção entre um judeu messiânico e um Yisra'elita messiânico. Todos os membros do corpo são Yisra'elitas, seja por nascimento (judeus e efraimitas, a grande maioria do corpo) ou por adoção (gerim – convertidos – aqueles que são enxertados em Yisra'el).
A Torá é um privilégio e um “fardo” que somente os judeus messiânicos podem carregar e participar. Só existe uma Torá para o povo do Eterno. Tanto judeus, quanto efraimitas restaurados (que representam a maioria dos que crêem), quanto Yisra'elitas por opção devem guardar a Torá. Reconhece-se que Atos 15 recomenda que aos novos na fé, deve-se ser dado o leite, e que gradativamente os mesmos devem ser ensinados na Torá. Uma vez que se atinja a maturidade, é não somente um privilégio observar a Torá, como é mandamento divino.
“Eu lhes dei leite, e não comida sólida, porque vocês não estavam preparados para ela. Mesmo agora, ainda não estão preparados para ela!” (1 Coríntios 3:2)
“Embora vocês já devessem ser mestres, pelo tempo decorrido, necessitam, na verdade, de que alguém lhes ensine novamente os fundamentos da Palavra de Elohim! Vocês precisam de leite [o ouvir as doutrinas básicas e de forma passiva], e não de alimento sólido! Quem bebe leite ainda é criança e não tem experiência na aplicação da Palavra [das Escrituras – isto é, obedecer ao Eterno, em se comportar de forma ética, em transmitir em vez de só receber] acerca da justiça.” (Hebreus 5:12-13)
“Portanto, livrem-se de toda a maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e de todas as formas de maldizer as pessoas; sejam como bebês recém-nascidos, sedentos do puro leite da Palavra; para que por meio dele cresçam para a libertação. Porque vocês provaram que Adonai é bom.” (1 Kefa/1 Pedro 2:1-3)
A Torá foi dada a todos os filhos de Yisra'el e, através da dispersão de Efraim, foi oferecida em todas as nações. Agora, a Torá pode ser cumprida em seu pleno propósito através da fé em Yeshua HaMashiach. Todos os filhos de Yisra'el devem lembrar que a Torá foi dada a nossos pais no Monte Sinai de forma eterna e irrevogável.
As tradições judaicas (cultura judaica), possuem o seu valor e importância na cultura e identidade dos judeus, até mesmo para o entendimento de certas passagens bíblicas, sem as quais ficam distorcidas por séculos de influência cristã (igreja católica e protestante). No entanto, a observância da Torá está acima de qualquer tradição; se alguma tradição minimiza ou viola a Torá, então, deve-se prevalecer a observância da Torá. A única coisa que tem autoridade sobre nós em termos de prática são as mitsvot (leis) do Eterno e não a cultura (tradição). A cultura é um elemento importante, mas opcional.
Por outro lado, o cristianismo (igreja católica e protestante) não tem interesse na cultura judaica. O problema principal é quando o cristianismo confunde a tradição judaica com a Torá. Mais, por não conhecerem a cultura judaica, acabam por interpretar erroneamente as escrituras e pior ainda, fazendo com isto que o povo erre com eles. Uma coisa é a imposição de uma cultura, o que é errado à luz das Escrituras. Outra coisa é pregar a obediência aos preceitos bíblicos da Torá. Quem prega a Torá, que nada mais é do que Bíblia pura e simples, é frequentemente chamado de “judaizante”, por estes.
A grande comissão (Mattitiyahu/Mateus 28:18-20) por tanto é nada mais que, uma busca mundial pela semente de Efraím, areia do mar, pó da terra, as abundantes multidões da humanidade. Parte dessa busca claro, seria pelos dispersos de Iehudá também. Ya'akov testemunha desta verdade ao recordar ao Concílio de Jerusalém que Adonai estava simplesmente visitando às nações Gentílicas através da predicação do evangelho, não para viver ali, senão para resgatar e atrair Sua gente chamada por Seu nome (Atos 15:14-17). Através deste resgate Ya'akov nos recorda que Adonai está reconstruindo o Tabernáculo de David constituído de todas as doze tribos de Yisra'el. Já que Ele é o Elohim de Yisra'el Ele está atraindo e resgatando Yisra'elitas do "status" de proscritos que foi sua herança devido a sua desobediência à Torá. Esta gente são Yisra'elitas, sem importar que eles mesmos se dêem conta disso ou não! Talvez não é isto o que significa estar perdido? Perdido espiritualmente bem como fisicamente.
Em Ya'akov/Tiago 1.1 lemos – “Ya'akov, servo de Elohim e do Senhor Yeshua HaMashiach, às doze tribos que estão dispersas entre as nações: Shalom!” e em Atos 15.14-19, bem como em outras muitas passagens das Escrituras falam claramente a respeito de que Adonai não queria permanecer na companhia nem residir entre as nações pagãs, afirmam que as está visitando a fim de realizar um resgate em massa e regressar a Si mesmo, do povo que pertence e ao que já se lhe chama por Seu Nome como veremos mais adiante em Atos 15:14. Ya'akov afirma que todos os profetas de Yisra'el estão de acordo que o propósito principal do Pacto/Aliança Renovado e do Mashiach de Yisra'el é isentar e devolver toda a semente de Yisra'el, de ambas as casas, de novo ao Tabernáculo de David, que tinha caído.
Todos aqueles de entre as nações, que foram isentados pelo sangue de Yeshua, unem-se à comunidade de Yisra'el, onde se diz que têm cidadania literal (Efésios 2:12-19). Os crentes que não são judeus (os efrainitas) unem-se ou se juntam com Yisra'el, e mediante esta reunião, restauração e reconstrução do Tabernáculo caído de David (Atos 15:14-16 e Amós 9:8-11). Yisra'el está vivo e bem, prosperando e florescendo sob Yeshua, o Rei de Yisra'el, enquanto aqueles que afirmam estar “na igreja ou ser parte dela, estão caminhando aparte das fronteiras reconhecidas de Yisra'el das Escrituras.”
O verdadeiro corpo, nascido de novo, de Yisra'el do Pacto Renovado é uma só comunidade, composta por judeus e efrainitas que confiavam em Yeshua (Oshéa/Oséias 10:11) bem como quiçá verdadeiros gentios. No entanto, devemos recordar que o propósito principal, expressado pelo Pai, ao enviar a Yeshua como Mashiach, foi restaurar o Tabernáculo de David, que tinha sido derrubado no ano 921 a.C. e reconstruir à verdadeira árvore da oliveira, do Yisra'el divinamente plantado! (Iehudá e Efraím, segundo diz em Iermiáhu/Jeremias 11:13-16). Em Mattitiyahu/Mateus 15:24. Yeshua disse que veio só por causa das ovelhas perdidas da Casa de Yisra'el. Não disse que veio nem pelos judeus nem a pelos gentios. Recorde que a palavra grega para gentios é ethnos, que é o equivalente grego da palavra hebréia goyim. É por isso que sua Bíblia nem sempre fala a respeito de que as dez tribos de Efraím foram salvas por Yeshua. Quando ele salva às nações da terra, nessa rede global, adivinhe a quem você vai encontrar, os descendentes individuais das dez tribos do norte, que regressaram como membros individuais de entre as nações, nas quais foram conservados (Ieshaiáhu/Isaías 49:5-6) e chamados, sem ser reconhecíveis nem identificáveis como Yisra'elitas.
O Talmude afirma em Yebamot 17B que as dez tribos do Yisra'el disperso (em seus lugares de exílio) são legalmente "gentis" em todos os aspectos e propósitos, quanto ao guardar a Torá e a halachá. Malahi/Malaquias 4:4 diz – “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Yisra'el, a saber, estatutos e juízos.” nos recorda que na restauração de Yisra'el (todo Yisra'el) guardará a Torá, já que Adonai afirma que foi dada a todo Yisra'el, não só ao Yisra'el judeu. Em Ieshaiáhu/Isaías 49:5 – “E agora diz o Eterno, que me formou desde o ventre para ser o seu servo, para tornar a trazer-lhe Ya'akov, e para reunir Yisra'el a ele, pois aos olhos do Eterno sou glorificado, e o meu Elohim se fez a minha força.”, as Escrituras afirmam que o Mashiach seria formado (nascido) principalmente para "trazer de regresso a Ya'akov."
Rav. Shaul (Paulo) confirma esta interpretação midráshica em Efésios 2.17-19 – “Também, a vir, anunciou as boas novas de Shalom a vocês que estavam longe e de Shalom aos que estavam perto, notícias de que por seu intermédio todos nós temos acesso em um espírito ao Pai. Portanto, vocês não são mais estrangeiros nem forasteiros. Ao contrário, são concidadãos do povo de Elohim e membros da família Divina.”, onde chama aos que regressam DE LONGE ou dos CONFINS DA TERRA, como os que tem cidadania em Yisra'el graças ao sangue do Mashiach e por Sua busca determinada e missão de resgate das dez tribos como vemos em Efésios 2.13 – “Agora, porém, vocês que estavam longe foram aproximados por meio do derramamento do sangue do Mashiach.”
Creio que agora estamos bem preparados para entrar no comentário de Atos 15 e entendê-lo verdadeiramente, como as escrituras dizem em Yochanan/João 8:32 – “Vocês conhecerão a verdade, e verdade os libertará.”
Em Atos 15 temos uma questão de halachá (decisão rabínica) sendo resolvida pelo Beit Din (Corte judaica) messiânico. Para entender o que ocorreu naquela reunião e a sua conseqüente decisão é preciso, primeiramente, entender qual era o problema. Neste caso, a posição do Rav. Sha’ul (Paulo) não é dita claramente no Peshat (sentido/valor “simples” do texto), apenas a posição de seus oponentes é mencionada de forma clara.
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ATOS DOS APÓSTOLOS (Maaseh Shlichim)
– CAPÍTULO 15
1 Entretanto, alguns homens desceram de Iehudá para Antioquia e começaram a ensinar aos irmãos: “Vocês não pode ser salvos a menos que se submetam à b'rit-milah [circuncisão] da forma prescrita por Moshe.”
Comentários:
Aqui vemos claramente a posição dos oponentes de Rav. Sha'ul (Paulo) que diziam: “Vocês não pode ser salvos a menos que se submetam à b'rit-milah [circuncisão] da forma prescrita por Moshe.” Assim, a pergunta que temos que nos fazer é: “Quais são as implicações ou ramificações desta posição?”
Uma posição semelhante a esta é adotada pela “Church of Christ” (Igreja de Cristo). Para quem não conhece este grupo, ele prega que uma pessoa precisa ser batizada para ser salva. Isto acaba resultando num debate entre eles e outros Protestantes (principalmente os Batistas). Os Batistas frequentemente ilustram a situação com o exemplo de um homem que se torna um crente do outro lado da rua de uma Igreja de Cristo. Ele imediatamente corre para atravessar a rua e ser batizado, só que ao fazer isto é atropelado por um caminhão e morre. Os Batistas argumentam que este homem, de acordo com a posição da Igreja de Cristo, não seria salvo. Muitos evangelistas da Igreja de Cristo andam por aí com as chaves da igreja no bolso, para que a qualquer momento possam entrar e batizar alguém, para evitar que a pessoa acabe morrendo antes de ter a oportunidade de se batizar.
Era exatamente este tipo de mentalidade que os oponentes de Sha'ul tinham em Atos 15:1. Eles acreditavam que uma pessoa deveria ser circuncidada imediatamente após terem se tornado crentes. Como associavam a circuncisão à salvação, provavelmente tinham a mesma preocupação dos integrantes da Igreja de Cristo: a circuncisão deveria ser imediata, antes que o crente morresse sem salvação.
A visão mais tradicional do Judaísmo Rabínico difere disto. A visão deles é a de que, uma vez que a circuncisão e o mikvê (imersão) marcam o momento em que a pessoa se torna parte da comunidade, e por isto devem antes aprender a Torá. Isto é porque se eles forem circuncidados, e se comprometerem a guardar as 613 mitsvot (mandamentos) da Torá antes de aprender sobre eles, estarão imediatamente violando os mandamentos que não conhecem, e isto traria juízo sobre todo o nosso povo como podemos observar em Devarim/Deuteronômio 28-29 e Vaycrah/Levítico 26. Ou seja, a abordagem judaica tradicional é a de ensinar a um novo crente a Torá primeiro.
Agora podemos ver a posição de Sha'ul por Remez (análise ou significado escondido). Os oponentes de Sha'ul estavam ensinando que uma pessoa deveria ser circuncidada imediatamente para ser salva, e só então ensinada sobre a Torá. Sha'ul estava ensinando que primeiro eles deveria aprender a Torá.
Em Gálatas 3:11 diz: “É evidente que ninguém será declarado justo por Elohim, mediante o legalismo, porque 'A pessoa que é justa obterá a vida mediante a confiança e a fidelidade'.” Apesar do entendimento da nossa herança como Yisra'el ser de suma importância, não é através da circuncisão que nos ligamos ao povo judeu como pode ser observado em 1 Coríntios 7 e aqui em Atos 15, que fala claramente sobre este tema. Lembremo-nos que Sha'ul circuncidou a Timóteo. Mas isto não foi feito para assegurar a sua salvação, mas sim, para obedecer os mandamentos encontrados na Torá e silenciar àqueles que ensinavam que os crentes não tinham a obrigação de seguir a Torá como é relatado em Atos 16:1-3 – “Sha'ul desceu a Listra, onde vivia um talmid chamado Timóteo. Ele era filho de uma judia que confiava em Yeshua e seu pai era grego. Todos irmãos de Listra e Icônio falavam bem de Timóteo. Sha'ul desejava que Timóteo o acompanha-se; portanto, realizou sua b'rit-milah, por causa dos judeus que viviam naquelas áreas, pois todos sabiam que seu pai era grego.”
Reflita sobre isso: O que aprenderiam os recém-chegados à fé nas sinagogas nos shabat?
O “jugo” que os não-judeus teriam não era a Torá, pois a Torá é leve como diz em Devarim/Deuteronômio 30:11-14 – “Porque este mandamento que eu hoje te ordeno, não te é encoberto, nem esta longe de ti. Não esta nos céus para dizeres: 'Quem subirá por nós aos céus, que o traga a nós e nos faça ouví-lo, para que o observemos?' Nem esta além do mar, para dizeres: 'Quem passará por nós além do mar, para que o traga a nós e os faça ouví-lo, para que o observemos?' Pois a coisa esta muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para que o observes.” O “jugo” era exigir o cumprimento da Torá de quem não conhecia a Torá. Mas o conhecimento requer atitude, gradualmente como relatado em Kefa Alef/1 Pedro 1:14-15 – “Como pessoas que obedecem a Elohim não se deixem modelar pelos maus desejos de outro tempo, quando você eram ignorantes. Ao contrário, seguindo o Santo que os chamou tornem-se santos em tudo o que fazem.”
É uma mitsvá circuncidar a sua descendência masculina. Em Bereshit/Gênesis 17:9-14 lemos – “E disse Elohim a Avraham: 'E tu, Minha aliança guardarás, tu e tua semente depois de ti, nas suas gerações. Esta é a Minha aliança, que guardareis entre Mim e vós, e a tua semente depois de ti: Que todo o varão entre vós será circuncidado [mul]. E circuncidareis [namal]a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre Mim e vós. E com idade de oito dias será circuncidado, entre vós, todo o varão nas vossas gerações; o nascido em casa, e o comprado por prata, de todo o filho de estrangeiro, que não seja de tua semente. Tem de ser circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por tua prata; e será Minha aliança em vossa carne para uma aliança eterna. E o varão incircunciso [arel], que não circuncidar a carne do seu prepúcio, esta alma será cortada de seu povo; Minha aliança quebrou.” E em Vaikrá/Levítico 12:1-3 diz – “E falou o Eterno a Moshe dizendo: 'Fala aos filhos de Yisra'el, dizendo: a mulher quando conceber e der a luz um varão, será impura por sete dias como nos dias da impureza de sua indisposição será impura e no oitavo dia circuncidará a carne de seu prepúcio (do menino).”
A remoção cirúrgica do prepúcio do pênis masculino é um sinal da Aliança que Adonai fez com Avraham. A propósito, a regra do oitavo dia é a confirmação espantosa que Adonai sabe como nós somos construídos, porque Ele nos construiu! O mecanismo de coagulação do sangue numa criança não se estabiliza completamente até o oitavo dia depois de seu nascimento. A pergunta óbvia é: por que HaShem requereria uma alteração cirúrgica a uma parte da anatomia humana masculina que qualquer urologista diria que esta perfeito? Alguns afirmam que existem vantagens higiênicas com a circuncisão, mas a evidência para isso esta longe de ser conclusiva.
A palavra usada para o ato de circuncisão é namal: “ser cortado; ser reduzido ou tirado fora.” (Strong's) Mas há uma palavra completamente diferente usada para o estado de ser circuncidado: mul é “um verbo que pretende cortar… Para “circuncide o coração” era remover a dureza de coração e amar o Eterno. Usado no sentido causativo, o verbo dá o significado para cortar, destruir.” (Baker and Carpenter’s) Nós ganhamos um pouco mais de perspicácia quando nós considerarmos a alternativa. A palavra para “incircunciso” é arel que vem de um verbo que significa “considerar incircunciso, proibido, ser exposto. Indica ficar aparte ou separadamente como não disponível para uso regular.” (Baker and Carpenter’s) Circuncisão, então, significa que a barreira de pecado que nos separou de Adonai é fastada, cortada, destruída — um processo que em que o sangue e a dor estão envolvidos, mas um, que nos faz disponíveis para que o Eterno nos use.
Sha'ul alude a este sinal requintado da Aliança do Eterno com o homem em Colossayah/Colossenses 2:11-15: “Foi também em união com ele que vocês foram circuncidados, não com a circuncisão feita por mãos humanas, mas a realizada pela remoção do controle da velha natureza sobre o corpo. Nessa circuncisão feita pelo Mashiach, vocês foram sepultados com ele por meio da imersão; e foram ressuscitados em união cm ele pela fidelidade de Elohim que atuou ao ressuscitar Yeshua dentre os mortos. Vocês estavam mortos por causa de seus pecados, isto é, em razão de seu 'prepúcio', sua velha natureza. Elohim, porém, os fez viver com o Mashiach ao lhes perdoar todos os pecados. Ele removeu a lista de acusações que investia contra nós. Por causa das regras, ela era um testemunho contra nós; contudo, ele a removeu ao pregá-la à estaca de execução.”
Também deve ser observado que da mesma maneira que circuncisão física é um procedimento irreversível (não há nenhum modo para recuperar ou substituir o prepúcio da pessoa), assim é a circuncisão espiritual. Quando nossos pecados são afastados de nós por nossa aceitação do poder reconciliador do sangue do Mashiach, não há nenhum modo de nossos pecados futuros poderem se tornar parte de nós. Nossa natureza pecadora não pode ser restabelecida. É um argumento forte para a segurança eterna: uma vez guardado, sempre guardado. A pergunta que ressalta aqui é: você realmente é mul, ou você é arel e fingindo ser? Só um exame de nossa anatomia espiritual mais privada dirá. Porque causa da circuncisão ser sinal, foi mandada apenas para ser implementada pelas pessoas que foram separadas para aguentarem os sinais: isto é, os judeus. Neste capítulo de Atos dos Apóstolos, mostra claramente que aos crentes pagãos não se requer que “se tornem judeus” ou mantenham as mitsvot da Torá (incluindo esta especificamente) como uma condição prévia para seguir Yeshua. Em centenas de vezes, os filhos de Yisra'el — e somente eles — eram separados para aguentar os sinais da redenção de Adonai ao longo das suas gerações. Eles são, pelos seus sinais, o testemunho vivo da provisão de vida de Adonai para todos os homens. Os crentes pagãos, da sua parte, eram chamados a compreender e atender o que esses sinais significavam, enquanto abençoavam os judeus pelo seu papel entregando a mensagem e o Salvador a eles.
O Cristianismo tradicional não reconhece a circuncisão apesar de Gênesis 17 deixar claro que todos os que são da casa de Avraham, naturais ou “comprados”, deveriam ser circuncidados. Existem dois motivos para isto: o primeiro seria relacionado à doutrina de que as leis do Eterno teriam sido abolidas. O segundo está no fato de não compreenderem a questão de Rav. Sha’ul ter sido contra a circuncisão por legalismo, que muitas vezes nem mesmo era uma “circuncisão”, mas sim o ritual de “Hatafat Dam” para serem aceitos no Judaísmo Rabínico. Por perder a identidade semita de sua fé, o Cristianismo acabou caindo numa não compreensão desta questão. Assim vemos que a circuncisão é uma mistvá (mandamento) pertinente a todos, como também reconhecemos nela uma grande importância no processo de restauração da identidade dos efraimitas. Salientamos que a circuncisão não é uma questão de salvação. Mas sim, como a passagem pelo mikvê (do hebraico, “imersão” chamada pelos cristãos de batismo), ela é uma questão de demonstração de obediência. Os pais tementes ao Eterno têm a responsabilidade de circuncidar seus filhos homens ao oitavo dia do nascimento. No caso de um adulto, de acordo com a ordem dos fatores estabelecida em Atos 15, deve se circuncidar tão logo adquira certa independência em sua compreensão da Torá. Aos que já são circuncidados por questões de saúde, se submete ao ritual de “Hatafat Dam”, que passa pela extração de uma gota de sangue do pênis para poder tornar a circuncisão “kasher”, isto é, própria segundo as leis rabínicas.
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2 Isso os levou a uma grande contenda e discussão com Sha'ul e Bar-Nabba. Por isso, a congregação designou Sha'ul, Bar-Nabba e alguns outros para propor esta sh'eilah aos emissários e anciãos em Yerushalayim.
Comentários:
NOTA: Sh'eilah do hebraico, Pergunta. No judaísmo, essa palavra pode ser um termo técnico para designar a pergunta referente a Torá ou a Halachá (lei) ou algum outro aspecto da Bíblia ou da tradição, feita normalmente a alguém de quem se espera ser capaz de dar uma resposta com autoridade. Então, eles levaram o assunto ao Beit Din (“casa de julgamento”, similar a um conselho ou “corte espiritual”. Neste caso, o Beit Din é comumente conhecido como Concílio de Jerusalém.) “Jerusalém não era apenas a fonte da fé messiânica, mas também seu centro, pois os emissários ainda estavam lá” diz Stern em seu Comentário.
Abrirei uma janela aqui para descrever alguns eventos que culminaram por fazer as pessoas de nossos dias crerem como crêem:
Jerônimo (um dos pais da Igreja) escreveu que aqueles que aceitavam Yeshua como o Mashiach o faziam isso “de uma forma que não deixam de observar a 'velha Lei'...” Epifânio em 'Panarion 29' escreveu: “Mas estes sectários... não se chamavam de cristãos... contudo, são simplesmente judeus completos. Eles não só usam o Novo Testamento como também o Antigo Testamento, como o fazem os judeus... Eles não possuem diferentes idéias, mas confessam tudo exatamente como a Torá descreve e na forma judaica – exceto, porém, por sua crença no Mashiach. Pois eles reconhecem tanto a ressurreição dos mortos quanto a criação divina de todas as coisas, e declaram que Elohim é Um, e que o Seu Filho é Yeshua o Mashiach. Eles são bem treinados no hebraico. Pois dentre eles a Torá inteira, os Nevi’im (Profetas) e... os Ketuvim (Escritos)... são lidos em hebraico, como certamente o são entre os judeus. Eles são diferentes dos judeus, e diferentes dos cristãos, apenas no seguinte: Eles discordam dos judeus porque chegaram à fé no Mashiach; mas como eles ainda estão na Torá -- circuncisão, o Shabat, e o restante -- eles não estão de acordo com os cristãos... eles não são nada mais do que judeus... Eles possuem as Boas Novas de acordo com Mattitiyahu completamente em hebraico. Pois está claro que eles ainda preservam-nas no alfabeto hebraico, tal qual foram escritas originalmente."
No entanto, com o decorrer do tempo, do ponto de vista histórico, alguns eventos cruciais levaram a provocar uma cisão, e o Cristianismo veio a se tornar uma religião independente. Entre estes eventos estão a morte de Ya'akov HaTsadik (Tiago, o Justo) e dos apóstolos originais. Também começou a ocorrer uma maior perseguição de Roma aos judeus (lembre-se que os messiânicos eram judeus); sem contar na própria perseguição interna dos fariseus na revolta de Bar Kochba que culmina com a destruição do segundo Templo, e a Diáspora. Bem como o grande crescimento da fé no estrangeiro, em meio a um momento de perseguição daqueles que criam no Mashiach.
Sobre o evento da morte de Ya.akov HaTsadik e dos demais apóstolos, Hegésipo (98 DC; citado por Eusébio em História Eclesiástica 3:32) escreveu: “Até aquele período (98 DC), a Assembléia havia permanecido como uma virgem pura e incorrompida: pois, se havia quaisquer pessoas dispostas a alterar a regra completa da proclamação da salvação, elas ainda vagavam em um lugar obscuro oculto ou outro. Mas, quando o bando sagrado de Emissários havia de várias formas findado suas vidas, e a geração dos homens havia sido confiado ouvir à Sabedoria inspirada com seus próprios ouvidos passou, então a confederação do erro da iniqüidade tomou ascensão através da infidelidade dos falsos mestres que, vendo que nenhum dos emissários ainda sobrevivia, levantaram suas cabeças para se opor à proclamação da verdade, proclamando algo falsamente chamado de conhecimento.”
Então começam a surgir os lobos em pele de cordeiro. Originalmente, os bispos, eram líderes das congregações, que respondiam diretamente ao Concílio de Jerusalém. Com a perseguição daqueles que criam no Mashiach, surgiu então a oportunidade para que alguns bispos buscassem a independência, alimentando sua sede de poder (qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência). Dentre esses bispos, estava Inácio, bispo de Antioquia. Nascia ai uma Igreja controlada pelo poder dos bispos.
Em suas cartas Inácio descreve o poder dos bispos, vejamos alguns trechos:
(Carta de Inácio aos Ef. 1:9,11) "...sujeitando-se ao seu bispo... andem juntos conforme a vontade do Eterno. Jesus... é enviado pela vontade do Pai; Assim como os bispos... são [enviados] pela vontade de Jesus Cristo."
(Carta de Inácio aos Ef. 2:1-4) "...seu bispo... penso que felizes são vocês que se unem a ele, assim como a igreja o é a Jesus Cristo e Jesus Cristo o é ao Pai... Vamos portanto cuidar para que não nos coloquemos contra o bispo, para que nos sujeitemos ao Eterno. Devemos olhar para o bispo tal como olharíamos para o próprio S-nhor."
(Carta de Inácio aos Mag. 1:7) "...obedeça ao seu bispo..."
(Carta de Inácio aos Mag. 2:5,7) "Seu bispo está presidindo no lugar do Eterno... unam-se ao seu bispo..."
(Carta de Inácio aos Tral. 2:5) "...aquele...que faz qualquer coisa sem o bispo... não é puro em sua consciência..."
(Carta de Inácio aos Fil. 2:14) "...Não faça nada sem o bispo."
(Carta de Inácio aos Esm. 3:1) "Cuidem para que vocês sigam o seu bispo, Assim como Jesus Cristo ao Pai..."
Então vem a cartada final. Até então, aqueles que criam em Yeshua HaMashiach sempre se sentiram parte de Israel (Jeremias 31:31 – “Eis que vem dias, diz o Eterno, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá.”). Para consolidar a separação do Concílio de Jerusalém, bem como para se dissociar da perseguição a Israel e estabelecer o seu poder, Inácio e outros bispos passaram a propor a separação entre a Igreja e Israel. E, para combater tudo o que era israelita, era preciso ir contra o cerne da identidade de Israel: A Torá.
Então, Inácio começa a pregar contra a observância da Torá, como pode ser lido em suas cartas: "Não sejam enganados por doutrinas estranhas; nem por fábulas antigas sem valor. Pois se continuarmos a viver conforme a Lei Judaica, estamos confessando que não recebemos a graça..." (Carta de Inácio aos Mag. 3:1) e "Mas se alguém pregar a Lei Judaica a vocês, não lhe dêem ouvidos..." (Carta de Inácio aos Fil. 2:6).
Com a morte dos apóstolos e a diáspora, não havia mais o entendimento de que a Lei combatida por Sha'ul era a Lei Oral inventada pelos fariseus e tida por eles como inspirada pelo Eterno. Com isso, os bispos como Inácio passaram a reinterpretar as cartas de Sha'ul (conhecidas como cartas paulinas) para justificar sua doutrina de repúdio a tudo o que tivesse conexão com Jerusalém.
Assim, com Inácio e outros bispos, começa a surgir o Cristianismo como religião distinta do segmento judaico original dos messiânicos. Com a remoção de tudo o que era judaico das igrejas dos bispos supracitados, surge a necessidade de incorporar um novo sistema de prática religiosa na vida das igrejas. Esse sistema veio a partir da adaptação de rituais pagãos.
Uma das primeiras a adotar tais práticas foi a Igreja de Alexandria, que adotou elementos da adoração egípcia à Isis, a rainha do céu e a seu filho. Acerca dela, o historiador Samuel Dill (Roman Socitey from Nero to Marcus Aurelius, páginas 577-578) escreve:
“O ritual diário de Isis, que aparentemente era tão regular e complicado quanto o da Igreja Católica, produziu um imenso efeito na mente romana. Todos os dias, havia dois serviços solenes, nos quais sacerdotes com tonsuras e vestes brancas, com acólitos e assistentes dos mais variados níveis oficiavam. A litania da manhã e o sacrifício era um serviço impressionante. A multidão de adoradores lotava o lugar perante a capela logo ao amanhecer. O sacerdote, subindo por uma escada oculta, levantava o véu do santuário e adorava à imagem santa. Então ele circulava os altares, recitando a litania [ie. Palavras místicas de línguas estranhas], aspergindo água benta de uma fonte secreta.”
Assim, nasce um Império Religioso. O primeiro passo, foi dado por Alexandre Severo que constrói (entre 220 e 230DC) um “santuário para Jesus”, junto aos santuários dos deuses pagãos romanos. Então, começa a proliferar uma espécie de sincretismo com o politeísmo romano, onde o Pai é associado a Dyeus, chefe do panteão romano (equivalente a Zeus no panteão grego), e Jesus e o Espírito Santo são tidos como deuses cristãos. Jesus é associado à figura do deus-sol. Surge o panteão romano e o pontifex maximvs (sumo pontífice). Gaivs Flavivs Valerivs Avrelivs Constantinvs (Constantino I – 280DC a 337DC) torna-se o primeiro papa. Constantino, que era adorador confesso do deus-sol, tem uma visão antes de uma batalha, alegando ter visto a cruz e o sol invictus.
Na realidade, Constantino I enxerga o Cristianismo como uma grande oportunidade política de unificar um império fadado á divisão. Assim, ele promove a fusão da adoração romana pagã com o Cristianismo, fazendo um sincretismo entre o que sobrou da fé original de Yeshua, e a adoração ao deus-sol. Com isto surge o Catolicismo Romano.
O historiador Will Durant, em sua obra 'Caesar and Christ', pág 656, escreveu:
“Ele [Constantino I] continuou a usar linguagem monoteísta vaga que qualquer pagão aceitaria. Durante os primeiros anos de sua supremacia, ele realizou pacientemente todo o cerimonial que dele era requerido por ser o Pontifex Maximvs do tradicional culto [pagão]. Ele restaurou templos pagãos [posteriormente transformados em igrejas]. Ele usou tanto ritos cristãos quanto pagãos na dedicação de Constantinopla. Ele usava fórmulas mágicas para proteger a colheita e curar doenças.”
No ano 325 DC acontece o primeiro Concílio Cristão ocorreu em Nicéia, a mando do imperador Constantino I. Nele, já não houve a participação dos judeus messiânicos; e nele, foram estabelecidas os principais pontos doutrinários, que são:
1º) A Santíssima Trindade -
A forma judaica original de entender a Natureza do Eterno é que existem três k'numeh (essências) em 1 pessoa. E o politeísmo romano os fez entender de forma contrária: 3 pessoas em 1 essência.
Então, vejamos alguns problemas com a Doutrina da Trindade:
  1. A Ruach HaKodesh (Espirito Santo) no hebraico é feminina
  2. A Palavra “Elohim” significa exatamente o oposto: “poderes/essências”
  3. Em diversos momentos, o Eterno se manifesta de maneira diferente: como dois (Tehilim/Salmo 110) e até mesmo como sete (Apocalípse 4:5 e 5:6)
  4. Não era encontrada nas Escrituras originais, sendo sua inserção em Mattitiyahu/Mateus 28:19 e Yochanan Alef/1 João 5 um acréscimo posterior, admitido pela Igreja Católica.
  5. Beira perigosamente ao politeísmo, criando 3 deuses, quando o Eterno nos disse claramente que Ele é “Um” (Devarim/Deuteronômio 6)
  6. Deriva do entendimento de que o Pai seria Dyeus (panteão romano) e Jesus seria o deus-sol, e o Espírito Santo um terceiro deus.
2º) A Fórmula Batismal Católica
Em todas as instâncias de batismo na Brit Chadashá (NT), encontramos sempre o mesmo feito “em nome de Yeshua”, exceto em Mattitiyahu 28:19, que foi usado pelo Concílio de Nicéia para determinar a fórmula católica. Antes do Concílio de Nicéia, Eusébio (265DC a 339DC) cita Mattitiyahu/Mateus 28:19 sete vezes, e em nenhuma delas, aparece a fórmula trinitária. Sobre esta passagem de Mattitiyahu, a Bíblia de Jerusalém, pág. 1758 (edição católica) admite abertamente em sua nota de rodapé:
"É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar 'em nome de Jesus' (cf. At 1,5+;2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade..."
3º) A Mudança da Páscoa Bíblica para a Romana
Haviam dois grupos adversários, de um lado os chamados quartodecimanos (igrejas do oriente, que desejavam seguir a Bíblia e celebrar a Páscoa no dia 14 do mês de Aviv/Nissan), de outro Alexandria e Roma, que desejavam seguir o Equinócio Vernal, quando era celebrada a festa da primavera, em homenagem à deusa Ishtar, ao qual o monge católico Bede escreve: “Eosturmonat, que agora é interpretado como mês pascal, tomou o seu nome da deusa Eostre [Ishtar], a qual deu o seu nome ao festival... foi declarado impróprio seguir o costume dos judeus na celebração desta festa sagrada porque as suas mãos estão manchadas de crime, as mentes desses homens malignos estão necessariamente cegadas... portanto não tenhamos nada em comum com os judeus, que são nossos adversários... um povo tão grandemente depravado... os assassinos do nosso senhor..."
4º) O Dominus Dei
Algumas declarações da própria Igreja Católica acerca do Dominus Dei (o domingo), são:
  • O próprio papa: "Lembrem-se todos os cristãos de que o sétimo dia foi consagrado pelo Eterno, recebido e observado, não somente pelos judeus mas por todos os outros que pretendiam adorar ao Eterno, embora nós, tenhamos mudado o Seu Sábado para o domingo." [Thomas Morer, Discourse in Six Dialogues on the Name, Notion, and Observation of the Lord's Day, pág. 281 e 282]
  • Concílio de Laodicéia (364 ad), Cânon 29: "Os cristãos não devem judaizar e descansar no Sábado, mas sim trabalhar neste dia; devem honrar o dia do S.nhor (domingo) e descansar, se for possível, como cristãos. Se, entretanto, forem encontrados judaizando, sejam excomungados por Cristo." [Hefele, History of the Councils of the Church, vol. II, livro 6, sec. 93, pág. 318]
  • "O domingo é uma instituição católica e suas reivindicações de observância podem ser definidas unicamente em princípios católicos... Desde o princípio até o fim das Escrituras não há uma só passagem que autorize a mudança do dia de adoração pública semanal do último dia da semana ao primeiro." The Catholic Press of Sidney, Austrália, 25 de agosto de 1999]
  • "Fazemos bem em recordar aos presbiterianos, batistas, metodistas e todos os demais cristãos que a Bíblia não os aprova em nenhum lugar em sua observância do domingo. O domingo é uma instituição da Igreja Católica Romana, e aqueles que observam este dia observam um mandamento da Igreja Católica." [Priest Brady, em um discurso relatado no Elizabeth, N. J. News, 18 de marco de 1903]
  • "Se os protestantes seguissem a Bíblia, adorariam ao Eterno no dia de Sábado. Ao guardar o domingo, estão seguindo uma lei da Igreja Católica." [Albert Smith, Chanceler da Arquiocese de Baltimor, respondendo pelo Cardeal, numa carta datada em 10 de fevereiro de 1920]
  • "Foi a Igreja (Católica) que, pela autoridade de Jesus Cristo, transferiu este repouso (do Sábado bíblico) para o domingo... Então, a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que rendem à autoridade da Igreja (Católica), apesar deles mesmos." [Monsenhor Louis Segur, Plan Talk About the Protestantism of Today, pág. 213]
  • "Os protestantes... aceitam o domingo no lugar do Sábado como dia de pública adoração após a Igreja Católica ter feito a mudança... Mas a mentalidade protestante não parece perceber que observando o domingo, está aceitando a autoridade do porta-voz da igreja, o papa." Our Sunday Visitor, 5 de fevereiro de 1950]
Com o passar do tempo veio a “Reforma Protestante” através de Lutero, que entre suas principais vantagens teve: o fim da idolatria às imagens; a libertação da tirania papal; e a volta à prática de leitura da Bíblia. No entanto seus principais erros foram:
  • a manutenção de tradições romanas de origem pagã ou extra-bíblica, i.e., a prática do Dominus Dei (dia de domingo);
  • o anti-semitismo que impediu o reconhecimento do corpo como Israel onde Lutero em 1543 em um de seus escritos defende a perseguição dos Judeus, a destruição dos seus bens religiosos, assim como o confisco do seu dinheiro;
  • a anomia, especialmente por influência de Lutero;
  • a essência da doutrina permaneceu romana; e a excessiva negação da autoridade institucional, levando a um sem-número de seitas sem precedentes na história.
Assim, vemos o que acabou traçando um rumo totalmente diferente da fé em Yeshua HaMashiach e do que a Igreja Primitiva do primeiro século cria e vivia. O Eterno nunca quis isso, e Ele nunca aprovará isso. O profeta Samuel disse a casa de Israel (I Samuel 7:3-4) – “... Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Eterno, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Eterno, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus. Então os filhos de Israel tiraram dentre si aos baalins e aos astarotes, e serviram só ao Eterno.” É por esta razão que lemos em Apocalipse 18:4 – “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.”
Os versículos 1-2 de Atos 15, mostram o real objetivo da carta de Gálatas, e o que estava acontecendo na época. A grande questão do texto de Atos 15 e do texto da Carta aos Gálatas NÃO era cumprir ou não a Torá, mas sim exigi-la para fins de salvação. É justamente a mensagem de Rav. Sha'ul (Pa'ulo), pois doutra forma seria que um judeu herético se escrevesse qualquer coisa que contradisse tudo aquilo que Adonai falou no Sinai, mas sim a de que o legalismo rabínico era um jugo que desviava o foco da salvação pela fé e, conseqüentemente, do Mashiach.
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3 Assim que foram enviados pela congregação, seguiram caminho atravessando a fenícia e Shomrom, contando em detalhes como os não-judeus tinham se voltado para HaShem; e essas notícias trouxeram muita alegria a todos os irmãos.
Comentário:
Repare que Sha'ul estava convertendo gentios (goyim).

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4 Chegando a Yerushalayim, foram bem recebidos pela comunidade messiânica, incluindo os emissários e os anciãos; e eles relataram tudo o que o Eterno tinha feito por meio deles.
5 Alguns, porém, dos que chegaram a confiar eram do partido dos p'rushim [fariseus], eles se levantaram e disseram: “É necessário circuncidá-los e orientá-los para que guardem a Torá de Moshe”.
Comentários:
Aqui os argumentos dos opositores estão abreviados. Aqui vemos o seguinte: “É necessário circuncidá-los e orientá-los para que guardem a Torá de Moshe.” Mas por que isto agora? Superficialmente, nem parece o mesmo argumento que eles estavam levantando em Atos 15:1. Contudo, se recordarmos o nosso Remez (análise), faz muito sentido! Esta era uma questão cronológica: “[Primeiro] é necessário circuncidá-los e [para depois] orientá-los para que guardem a Torá de Moshe.” Agora podemos perceber que o argumento feito aqui é exatamente o mesmo que do versículo um.
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6 Os emissários e os anciãos se reuniram para analisar a questão.
7 Depois de um longo debate, Kefa [Pedro] levantou-se e disse-lhes: “Irmãos, vocês sabem que há muito tempo o Eterno me escolheu dentre vocês para ser aquele por cuja boca os goyim pudessem ouvir a mensagem das boas-novas e confiar.
8 E Adoai, que conhece o coração, deu-lhes testemunho ao conceder a Ruach HaKodesh [Espírito Santo] a eles, como fizera a nós;
9 isto é, Ele não fez distinção entre nós e eles, mas purificou-lhes o coração
mediante a confiança.
Comentários:
Kefa (Pedro) aqui lida com a posição dos opositores, tal qual descrita no versículo um. Kefa esta relembrando aqui os incidentes que estão relatados em Atos 10:1 a 11:18, de que a salvação ocorre antes da circuncisão. Lembre-se de que embora Sha'ul seja conhecido como o emissário aos gentios, foi por meio de Kefa que os gentios – Cornélio e os de sua casa – ouviram o evangelho pela primeira vez e receberam a Ruach HaKodesh.
O versículo 8, nos diz que Elohim é quem conhece os nossos corações. Em Devarim/Deuteronômio 2, Elohim dá ao povo uma recomendação interessante quanto a povos e tribos que eles não deveriam atacar, e menciona uma raça de gigantes (Emim) que eram confundidos com Rephaim por seus atributos físicos, mas não eram de fato Rephaim. Por que Elohim faz esta menção? Porque Elohim havia prometido a Avraham a terra dos Rephaim. Se Elohim não houvesse esclarecido este ponto, o povo teria pensado que os Emim eram inimigos e os teriam destruído. Isto nos lembra um fato interessante. Se Yisra'el tivesse julgado os Emim (gigantes), teria os condenado injustamente. Que isto sirva de lição para nós, a fim de que verdadeiramente não julguemos o exterior de uma pessoa.
O versículo 9, a versão apresentada por Kefa é a mesma de Sha'ul: a purificação do coração pela fé é a única condição para a salvação.
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10 Então, por que vocês estão tentando a HaShem agora, ao colocar um jugo sobre o pescoço dos talmidim [discípulos] que nem nossos pais nem nós tivemos forças para carregar?
11 Não, é por meio do amor e da bondade do Senhor Yeshua que nós confiamos e fomos libertados – e acontece o mesmo com eles.”
Comentários:
Aqui, obviamente, o “jugo” não é a Torá. O contexto é bem claro. Kefa (Pedro) está chamando o argumento dos opositores de Sha'ul de “jugo”. David Stern diz: “... judeus praticantes e bem informados não consideram a Torá um peso, mas uma alegria. Se uma pessoa considera algo agradável, não será possível convencê-la do contrário!” E Yeshua fala disso em Mattitiyahu 11:30 – “Pois o meu jugo é suave e a minha carga é leve.” Stern diz: “O jugo suave consiste em um total compromisso com a divindade por intermédio do poder da Ruach HaKodesh.”
Portanto o “jugo” nesta passagem está na crença de salvação por obras, mais especificamente, salvação pela circuncisão. Kefa apela para o exemplo dos Patriarcas. Mas por que ele menciona os Patriarcas? Para mostrar que Avraham primeiro foi salvo por confiar em Elohim em Bereshit/Gênesis 15:6 que diz: “E acreditou Abrão no Eterno, e (Elohim) lhe considerou isso como mérito.” para DEPOIS ser circuncidado em Bereshit/Gênesis 17. Agora, Kefa apresentou dois casos como exemplo:
  1. Cornélio e sua casa (Atos 10:1 a 11:18)
  2. Os Patriarcas (especialmente Avraham – Bereshit/Gênesis 15:6 e 17)
Em ambos os casos, Kefa aponta para o fato de que a salvação precede a circuncisão (muito embora em pelo menos um deles vemos claramente que a circuncisão veio posteriormente).
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12 A seguir, toda a assembléia ficou em silêncio, enquanto ouvia Bar-Nabba e Sha'ul contarem que sinais e milagres Adonai realizara por meio deles entre os não-judeus.
Comentários:
Isto é um paralelo do versículo 3 no qual Sha'ul está recontando as conversões. Sha'ul está igualando estes casos com os dois exemplos que Kefa (Pedro) apresentou.
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13 Ya'akov rompeu o silêncio para responder. “Irmãos”, ele disse, “ouçam o que tenho a dizer.
14 Shim'on contou-nos detalhadamente o que o Eterno fez ao mostrar seu cuidado ao tomar dentre os goyim um povo para levar o seu nome.
15 E as palavras dos Profetas estão em completa harmonia com isso, porque está escrito:
16 “'Depois disso, voltarei e reconstruirei a tenda caída de David. Reedificarei as suas ruínas, e a restaurarei,
17 para que o restante da humanidade possa buscar o Eterno, isto é, todos os goyim que foram chamados por meu nome', diz Adonai, que faz todas estas coisas.” (Amós 9:11-12)
18 Tudo isso é conhecido desde os tempos antigos.
Comentários:
A idéia do regresso de Efraim se confirma entre os versículos 15 a 19, onde Ya’akov (Tiago) afirma que todos os profetas estão de acordo em que o Tabernáculo de David (o Yisra'el restaurado das doze tribos) será reconstruído por meio da visitação sobre os gentis ou as nações que não são judias. Esta visitação resgatará àqueles de entre as nações que estão regressando a Elohim.
O versículo 16 nos ensina que Adonai não está fazendo algo novo ao edificar uma igreja, dirigida pelo homem, com sua central em Roma, nem está construindo uma igreja na que os gentios sejam, mas numerosos, ultrapassem e suprimam a expressão judia, mais sim que está fazendo que as 12 tribos davídica devolvam a glória a Yisra'el. Ele está reconstruindo não construindo e para fazê-lo deverá, por força, usar os mesmos habitantes do Tabernáculo de David (as doze tribos) para reconstruí-lo, a fim de que se pareça a sua anterior composição e aparência.
Nos versículos 14 a 18, atente principalmente para o versículo 18 e o compare com Amos 9:9-15 que diz: “Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão no crivo, sem que caia na terra um só grão. Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os que dizem: Não nos alcançará nem nos encontrará o mal. Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o Eterno, que faz essas coisas. Eis que vêm dias, diz o Eterno, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão. E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Eterno teu Elohim.” e agora diga: Quem são os 'gentios/nações' de Atos 15?
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19 “Portanto, minha opinião é a de que não devemos pôr obstáculos no caminho dos goyim que estão se voltando para o Eterno.
Comentários:
Aqui vemos Ya'akov (Tiago) como presidente do Concílio reassumindo a discussão e estabelecendo um plano. Shulam coloca que não devemos colocar obstáculos no caminho dos gentios enquanto eles passam pelo processo de sair da idolatria e voltar para o Eterno. Em vez disso, deixe-os usar a energia espiritual que possuem no arrependimento. Não faltarão oportunidades posteriormente para eles absorverem o que Moshe tem a dizer.
A palavra “voltando para o Eterno” se traduz melhor como “regressando a Elohim”, dessa forma confirmaria as observações do Rav. Sha'ul a respeito da oliveira, que encontramos em Romanos 11. Tanto Rav. Sha'ul como Ya’akov chegam à conclusão totalmente assombrosa, de que o Tabernáculo ou Casa de David (as doze tribos de Yisra'el) será reconstruído, restabelecido e reconstituído, com o regresso dos gentis nos últimos dias ou os “melo hagoyim”.
Ao ser pregado o evangelho como depoimento a todo mundo, podemos estar seguros de que Yisra'el está sendo totalmente restaurado, ao ser salvos os judeus não regenerados e ao mesmo tempo o esperma de Efraim, a "plenitude dos gentis" regressando a sua própria oliveira. Sim, é verdadeiro, são selvagens e não foram cultivados, mas estão regressando durante estes últimos dias da restauração de todas as coisas.
O versículo 19 afirma que aqueles que compõem o Tabernáculo reconstruído são os que regressam a Adonai. A palavra grega no versículo 19 é regressar e estes efraimitas estão regressando porque seus antepassados efraimitas Yisra'elitas marcharam e abandonaram ao Pai da glória. Algo pode ser, mais simples? Uma vez que possamos determinar, de maneira concludente e baseando-nos nas Escrituras, que multidões daqueles que estão regressando ao corpo de Yeshua são descendentes, por sangue, da tribo do norte, então nos veremos obrigados a fazer um reajuste de nossa maneira de pensar no movimento messiânico.
Simplesmente pelo fato de que sejamos incapazes de reconhecer a casa de Yossef como parte de nossa própria família entre nós, não significa que não o sejam. Yossef se vestia como um egípcio e estava casado com uma sacerdotisa pagã, que tinha um nome pagão e teve filhos pagãos, que a seus irmãos estavam irreconhecíveis. A situação não mudou nem um pouco. Por muitos que neguem no lado de Iehudá, segue sendo um fato inalterável que aqueles aos que chamamos gentios salvos ou não judeus são, em muitos casos, nosso irmão Yossef, pai de Efraim, o pagão no Egito, bem como as massas de pagãos efraimitas que regressaram, como resultado do primeiro holocausto Yisra'elita, no ano 721 a.D. Foi esta dispersão dual, de ambas as casas, que fez ao mesmo tempo em que se cumprisse a promessa da multiplicidade física e serviu para engrandecer a grandeza de Yeshua, como o único que pode encontrar e localizar a ambas casas, que contêm uma representação de cada uma das 12 tribos e que precisam ser restauradas a Adonai e a terra.
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20 Em vez disso, devemos escrever-lhes uma carta para informá-los de que se devem abster das coisas contaminadas por ídolos, da fornicação, do que foi estrangulado e do sangue.
21 Porque, desde os tempos antigos, Moshe é anunciado em todas as cidades, e suas palavras são lidas nas sinagogas a cada shabat.”
Comentários:
Devemos ter em mente que nós não devemos criar polêmica com as áreas cinzas (que não são explicitas na Torá, pois o Eterno as revelará em momento oportuno) – daquilo Adonai diz. Em um caso de uma área cinza, não critique um irmão novo, ou um irmão fraco, dos caminhos de Yisra'el. Isto só se aplica as áreas que ficam cinzas que permanecem sem referência de detalhes na Bíblia. Romiyah/Romanos 14:23 diz: “Mas quem nutre dúvidas, condena-se se comer, porque sua ação não se baseia na confiança. E o que não se baseia na confiança é pecado.” Isso pode se considerar o principal axioma do pensamento e conduta da Nova Aliança. No Talmude, N'darim 15a diz: “Foi ensinado: Se existem coisas que são permitidas, mas que alguns tratam como proibidas, você não deve aceitá-las a presença deles.” não estou aqui querendo dizer que o que estava em discussão no Concílio eram sobre coisas permitidas, NÃO O ERAM. Mas sim, uso esta referência para demonstrar a questão sobre as áreas cinzas.
Atos 15 mostra com toda a clareza e exatidão o que verdadeiramente ensina a Brit Chadashah acerca do kashrut. Depois de haver reunido o Concilio de Jerusalém para determinar se os crentes que não eram judeus e que REGRESSAVAM DENTRE AS NAÇÕES estavam obrigados a guardar as 613 mitsvot da Torá, encontramos sua decisão nos versículos 28 e 29.
A Ruach HaKodesh havia revelado aos anciães messiânicos, que apenas quatro breves e simples partes da Torá eram inicialmente obrigatórias para os crentes que não eram judeus, e que vinham a formar parte da família de Adonai por meio da graça que é pela confiança. Dois dos quatro requisitos da "mini-Torá" consistiam em evitar o que procedia de estrangulamento, assim como evitar comer carnes com seu sangue. Esta era a maneira simples de ajudar-lhes a começar um estilo de vida totalmente observante da Torá, posto que Ya'akov determinou que seria preciso que houvesse mais ensinamentos da Torá nas sinagogas de suas cidades locais, de onde procediam originalmente.
O termo hebraico kashrut se refere simplesmente as leis dietéticas da Torá. Se refere ao plano de Adonai na Torá, de separação entre os animais impuros e os limpos. Estas instruções dietéticas foram desenhadas por Adonai com o fim de refletir Sua santidade, como distinto dos pecadores, assim como para mostrar que servia de poste indicador para proteção, a fim de proteger o Seu povo Israel de todas as enfermidades que as nações pagãs estavam contraindo devido a sua maneira de se alimentar.
A Kashrut é por tanto, um sinal visível em uma comunidade de pessoas, que tem sido chamadas aparte e com as quais Elohim fez um pacto mediante um chamado a uma santidade pessoal e prática, e a maioria destas instruções se encontram em Vayikrah/Levítico 11.
Essa é a maneira simples de fazer que as leis dietéticas de Levítico 11 fossem obrigatórias para todos os crentes da Brit Chadashah. Na prática bíblica, os animais puros não eram nunca estrangulados como acostumavam a fazer os pagãos, senão que eles cortavam o pescoço para que a morte do animal fosse uma morte rápida e sem dor.
A prática bíblica manda repetidamente, em toda a Torá, que o sangue que resulta da morte sem dor do animal deve ser derramado sobre a terra. Vemos, portanto, que as instruções de kashrut, não somente não foram eliminadas ou anuladas pelo Mashiach do povo de Yisra'el, senão que graças a Ruach Hakodesh, Adonai amplia estas mitsvot para que sejam obrigatórias para todos os crentes que não são judeus, procedentes de todas as nações!
Outra passagem das Escrituras que com frequência é distorcida acerca do kashrut, e se encontra em 1 Timóteo 4:4-5 – “Pois tudo o que Elohim criou é bom, e nada recebido com ação de graças precisa ser rejeitado, porque a palavra de Elohim e a oração tornam-no santo.” Estes versículos vem sendo normalmente ensinados como se Rav. Sha'ul houvesse declarado que todos os animais fossem kasher, que antes não eram kasher na Torá, sempre e quando são santificados pela Palavra e oração. Portanto, segundo esta maneira de retorcer as Escrituras, os crentes tem liberdade para comer qualquer sujeira que queiram sempre que orem e falem a Palavra sobre os alimentos que vão ingerir!
Segundo estes “experts na palavra do Eterno” milagrosamente a comida se transforma em kasher, inclusive as que a Torá havia proibido. Esta é uma farsa religiosa! Por que Rav. Sha'ul, um judeu que cumpria a Torá, ensinaria “que todo o mundo é livre para comer o que quiser” aos santos que regressavam, quando isso iria contradizer o resto dos ensinamentos da Brit Chadashá, assim como eliminar o decreto de Ya'akov (Tiago) aos convertidos não judeus, sobre as práticas bíblicas, segundo o que encontramos em Atos 15? Se isto fosse verdade, Rav. Sha'ul estaria contradizendo totalmente o que Lucas escreveu em Atos 15, e lembremo-nos que a primeira norma da hermenêutica bíblica é que as Escrituras nunca se contradizem a si mesmas.
Não se tinha estabelecido o fato de que os gentios deveriam cumprir algum tipo de norma elaborado pelos homens que foi considerado baseado na Torá. Neste sentido os apóstolos decretaram que os gentios deveriam aceitar um grupo de tradições essenciais para lhes permitir uma aceitação genuína dentro da comunidade da sinagoga. No versículo 21 vemos Ya’akov (Tiago) presumindo que aqueles gentios estarão ouvindo [a Torá] de Moshe pregada nas sinagogas no Shabat. Ya’akov demonstra aqui que os gentios teriam que manter um nível mínimo de pureza e aprender sobre a Torá ANTES de serem circuncidados. Lembre-se de que o problema aqui era cronológico.
Os opositores de Sha'ul propunham a seguinte cronologia:
  1. Ser circuncidado
  2. Obter a salvação/vida eterna
  3. Receber instrução na Torá de Moshe
Sha'ul apresenta uma outra cronologia para consideração do Beit Din (concílio):
  1. Obter a salvação/vida eterna
  2. Receber instrução na Torá de Moshe
  3. Ser circuncidado
Alguns tentam argumentar que Sha'ul ensinava que a circuncisão não era necessária, mas o próprio Sha'ul desmente isto. Sha'ul enfatiza bem em Atos 21 e 22 que NÃO FALOU contra a Torá. E a Torá diz que todos os da casa de Avraham, DESCENDENTES FÍSICOS OU NÃO, fossem circuncidados (veja Bereshit/Gênesis 17). Ou Sha'ul mentiu, ou jamais disse que a circuncisão não era necessária. Mas, diante destas duas proposições, o que fez o Beit Din (Concílio)? O Beit Din concorda com Sha'ul.
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22 Então os emissários e os anciãos, com toda a comunidade messiânica, decidiram escolher alguns dentre eles e enviá-los a Antioquia com Sha'ul e Bar-Nabba. Eles enviaram Iehudá, chamado Bar-Sabba, e Silas, dois líderes entre os irmãos,
23 com a seguinte carta: De: Os emissários e os anciãos, seus irmãos. Para: Os irmãos dentre os não-judeus de Antioquia, Síria e Cilícia: Saudações!
24 Ouvimos dizer que algumas pessoas saíram do nosso meio sem nossa autorização e os perturbaram com sua conversa, transtornando a mente de vocês.
Comentário:
Novamente, repare qual era a cronologia dos opositores de Sha'ul:
  1. Primeiro é necessário ser circuncidado
  2. E somente então deve-se observar a Torá
Cada vez que a posição deles é mencionada, é abreviada ainda mais (vide 15:1, 5 e 24). Se juntarmos todas as citações, temos a versão estendida do argumento deles: “Vocês não pode ser salvos a menos que se submetam à b'rit-milah [circuncisão] da forma prescrita por Moshe. [Portanto] é necessário circuncidá-los [primeiro] e [depois] orientá-los para que guardem a Torá de Moshe.”
No entanto, vemos que o Beit Din (Concílio) discordou desta cronologia.
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25 Assim, decidimos de forma unânime escolher alguns homens e enviá-los a vocês com nossos queridos amigos Bar-Nabba e Sha'ul,
26 que têm dedicado a vida na defesa do nome de nosso Senhor Yeshua, o Mashiach.
27 Portanto, enviamos Iehudá e Silas, e eles confirmarão pessoalmente o que lhes escrevemos.
28 Porque pareceu bem a Ruach HaKodesh e a nós não colocar um peso maior sobre vocês além das obrigações seguintes:
Comentários:
Note que a frase “peso maior” não se refere a uma lista completa de coisas que eles deveriam fazer. Tanto que coisas tais como “não matar”, “não roubar”, etc. não são mencionadas. Porém, as coisas questionáveis feitas normalmente pelos gentios são justamente aquelas que são abordadas. Não há dúvidas de que os gentios não podiam matar nem roubar, apesar de tais coisas não constarem na lista.
As recomendações feitas por Ya'akov, em muito se assemelham às sete leis de Noach (Noé), considerada pelos rabinos como sendo o mínimo necessário para um gentio se relacionar com o Eterno. Estas leis eram um mínimo para que tais gentios pudessem interagir com a comunidade observante da Torá, enquanto ainda estivessem aprendendo a Torá.
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29 Abster-se do que foi sacrificado a ídolos, do sangue, de coisas estranguladas e da fornicação. Se vocês evitarem essas coisas, estarão fazendo o que é certo. Shalom!
Comentários:
Para começarmos a esclarecer este versículo vamos pegar outra passagem que tem tudo haver com o que esta sendo dito aqui, que ocorre em Romiyah/Romanos 14:5-12, que diz:
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Eterno o faz e o que não faz caso do dia para o Eterno o não faz. O que come, para o Eterno come, porque dá graças a Elohim; e o que não come, para o Eterno não come, e dá graças a Elohim. Porque nenhum Yisra'elita vive para si, e nenhum Yisra'elita morre para si. Porque, se vivemos, para o Eterno vivemos; se morremos, para o Eterno morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Eterno. Porque foi para isto que morreu o Mashiach, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Eterno, tanto dos mortos, como dos vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal do Mashiach. Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Eterno, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Elohim. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Elohim.”
A palavra “comer” é usadas quatro vezes nestes versículos. O assunto é obviamente a comida. Por que estas quatro recomendações? Há algo fundamental nelas para manter unida uma comunidade? Estas quatro exigências realmente eram conhecidas como “Leis Noéticas”? Já era comum entre os especialistas recorrer a essas “Leis Noéticas” quando se discutia a proibição emanada do Concílio de Jerusalém. Vários autores mostraram que as quatro exigências aos gentios são uma versão resumida dessas “Leis Noéticas” ditadas pelos rabinos da antigüidade.
No Talmud babilônico são enumeradas essas “Leis Noéticas” como sete (7) normas (Sanhedrín 56ª-60ª; Avodá Zará 64b):
  1. proibição de idolatria;
  2. proibição de blasfêmia;
  3. proibição de derramar sangue;
  4. proibição de pecados sexuais;
  5. proibição de roubar;
  6. proibição de comer carne de animais vivos;
  7. exigência de estabelecer um sistema legal.
O Beit Din de Jerusalém decidiu que os crentes gentios seriam recebidos exatamente da mesma maneira como membros do pacto como os judeus eram recebidos, na base de sua confiança. Além do mais, se o Concílio de Jerusalém tivesse reconhecido essas “Leis Noéticas” para os gentios, teria desobedecido de forma flagrante a Torá, porque esta estabelece claramente, em um sentido plano, sem necessidade de interpretação que há uma única Torá para Yisra'el e para os gentis que permanecem com eles como diz em Bamidbar/Números 15:16 – “Uma mesma Lei e um mesmo juízo haverá para vós e para o prosélito que peregrina convosco.” Claramente essas “Leis Noéticas” não coincidem com a conclusão do Beit Din, então nós devemos procurar outra explicação.
Temos as quatro exigências como “cerca” contra a adoração aos ídolos. Um assunto fica claro: os apóstolos viram nas quatro exigências dadas aos crentes gentios como algo essencial. Mas, eles se uniram para tratar tópicos específicos, razão pela qual a mensagem para os gentios também é uma mensagem específica sobre temas específicos. Obviamente, os apóstolos não estavam sugerindo aos crentes de origem pagã que todas as orientações morais e éticas poderiam ser resumidas nestas quatro exigências. Não, um tópico essencial é descrito nestas quatro exigências – um assunto muito famoso para os apóstolos é “construir ou destruir”, completar ou transgredir era o tópico. Sugiro que as quatro proibições coincidem com o tópico da adoração de ídolos nos templos gentios.
Da perspectiva judaica, nada caracterizava mais os gentios que a idolatria e nada era mais detestável. Se estavam permitindo aos gentios entrarem à congregação e a comunidade sem lhes exigir que se tornassem prosélitos, como poderia a comunidade ter certeza que eles tinham posto um fim rompendo com a idolatria? Sem o grupo de proibições que envolve o tocar, manipular, comer, etc. como ter a certeza que os gentios, vivendo em uma cultura pagã, não estavam participando da idolatria na qual eles tinham crescido?
Neste ponto, o Beit Din de Jerusalém viu a necessidade para os gentios de submeterem-se a alguns dos regulamentos criados pelos homens, os mandamentos de homens. A comunidade judaica precisava estar segura de que os gentios não continuavam adorando os ídolos e que eles os tinham deixado para trás, eles tinham se arrependido de seu crime capital. Para obter tal segurança, os apóstolos requereram dos gentios crentes que assumiram o jugo e a carga das leis feitas pelos homens em matéria de idolatria.
Sugiro que as quatro exigências foram dadas aos gentios ao ser associado como identificados com a adoração de ídolos nos templos gentios, que revelou aos apóstolos exigirem dos crentes gentios que deveriam se separar de qualquer contato com templos que pudessem ser considerados pela comunidade judaica como participação em idolatria por eles. Ao requerer dos crentes gentios se separar por iniciativa própria inclusive dos aspectos culturais dos templos gentios, os apóstolos estavam exigindo dos gentios que vissem a idolatria de uma perspectiva judaica e até mesmo se conformar com algum tipo de leis adicionais ao estilo dessas formuladas pelo Sanhedrín neste mesmo aspecto.
Como Ben Witherington em “The Acts of the Aposttles”, pág. 463, escreveu:
“Eles não deveriam dar a oportunidade aos judeus da Diáspora acusar os gentios Cristãos de estarem praticando idolatria e imoralidade tendo acreditado em Cristo”
Ao pensar que a idolatria deveria ser considerada naturalmente fora da perspectiva de um crente, os apóstolos fizeram um chamado para considerar como a halachá rabínica pertinente à idolatria, a “cerca” não estaria dentro da Escritura mas no mundo real, ao serem incluídos os crentes dentro da comunidade judaica.
Quando nós falamos de templos gentios e dos seus rituais, nós devemos nos lembrar que em grande parte estes eram vistos como algumas instituições culturais e sociais e não somente como centros religiosos. Por exemplo, os templos gentios serviam freqüentemente como bancos para os assuntos como para o estado e o lugar de discussão de todo o tipo de tópicos políticos. [J.R.C. Cousland, “Temples, Greco-Roman”, Diccionario del Nuevo Testamento,1186].
Os gentios que tinham nascido e crescido em culturas idólatras da Grécia e Roma tinham em grande valia muitos aspectos familiares e comunitários que os amarravam aos templos gentios. Um crente pagão poderia continuar a participar dela nesses templos e até mesmo se unir em eventos familiares, políticos e comunitários sem participar da idolatria? Eles poderiam comer lá sem fazer a adoração aos deuses ou as deusas para quem essas comidas eram oferecidas?
Muitas das atividades dentro da sociedade grega e romana envolviam o templo pagão local de um tal modo que os crentes de origem pagã deveriam tomar precauções adicionais para dar testemunho aos seus irmãos judeus que abandonaram a idolatria em todos os seus aspectos. É com este fim que as quatro proibições foram ditadas pelo Concílio de Jerusalém.
Vejamos as quatro proibições como aspecto do templo pagão:
1. Se privar dos alimentos oferecidos aos ídolos.
Esta frase “alimentos oferecidos aos ídolos” é traduzido com uma única palavra do grego “eidolothutos” e nove vezes são usadas na Brit Chadashá (At 15:29; 21:25; 1 Co 8:1, 4, 7, 10; 10:19; Ap 2:14, 20), sempre no contexto de comer alimentos num templo pagão. Este fato é fortalecido pela frase usada na relação inicial de do versículo 20. Essas “contaminações dos ídolos” claramente se referem à contaminação de alimentos usados nos rituais do templo pagão. Ao usar esta palavra os apóstolos não estão proibindo alimentos do mercado geral, mas alimentos específicos de um jantar cerimonial conectado com uma cerimônia de idolatria. Os crentes gentios não deveriam comer alimentos conectadas com os centros gentios, porque estas comidas eram dedicadas a ídolos. Claro que haviam atividades no recinto do templo que não tinham nada haver com os ídolos que ali estavam. Aparentemente esses aspectos lhes era permitido.
2. Se privar de sangue
Não se refere somente ao comer alimentos com sangue (o que é proibido pela Torá), mas sim ao tema de ingerir sangue, algo comum em rituais de adoração aos ídolos. Seja ou não que a pessoa tomava sangue da vítima do sacrifício não está claro, mas há evidências que os sacerdotes faziam isto (R.M. Oglivie, The Romans and Their Gods in teh Age of Augustus, ps. 49ss). De uma perspectiva judaica, participar em um ritual no qual o sacerdote bebe o sangue do sacrifício é participar do mesmo ato abominável. Claro que, a Torá proíbe comer sangue como vemos em Vaikrá/Levítico 3:17 – “estatuto perpétuo será para as vossas gerações, em odas as vossas moradas: nenhum sebo e nenhum sangue comereis.” e em Vaikrá/Levítico 17:12 – “Portanto, (Eu) disse aos filhos de Yisra'el: Nenhuma alma dentre vós comerá sangue, e o peregrino que habitar entre vós não comerá sangue.”, mas o que os apóstolos quiseram é que isto fosse uma decisão que nascesse dos crentes gentios dos quais fossem distanciados de qualquer ritual no qual o sangue fosse ingerido e/ou inapropriadamente usado. Tal coisa era detestável para a comunidade judaica.
Não comer sangue é uma mitsvá da Torá, em Vaikrá/Levítico 7:26-27 lemos: “E sangue não comereis em todas as vossas moradas, da ave e do quadrúpede. Toda alma que come algum sangue, será banida de seu povo.” Vemos também em Tehilim/Salmo 16:4 – “as dores se multiplicarão àqueles que fazem oferendas a outro deus; eu não oferecei as suas libações de sangue, nem tomarei o seu nome nos meus lábios.” ao qual David liga o beber sangue a ritos religiosos pagãos que seriam evitados a todo custo.
Adonai na verdade nos deu uma razão para isto, explicando por que o sangue deve ser evitado — em condições biológicas que esclareceram os aspectos espirituais do assunto; em Devarim/Deuteronômio 12:23-24 lemos: “somente esforça-te em não comeres o sangue, porque o sangue é a alma; e não comeras enquanto a alma esta junto a carne. Não o comeras; sobre a terra o derramarás como a água.” Este conceito não era novo com a Lei de Moshe. Ela foi introduzida anteriormente nos dias de Noach (Noé), depois do dilúvio. Em Bereshit/Gênesis 9:3-4 lê-se: “Todo o réptil que vive, a vós será para comer (como a verdura de erva) dei a vós tudo. Porém, a carne com sua alma (estando com vida) e seu sangue, não comereis.” Esta foi a primeira vez nas Escrituras que HaShem especificamente pôs a carne no cardápio. Desde o princípio, Adonai ensina a Noach que não coma sangue com a carne porque a vida do animal está no sangue. Ainda podemos ler em Vaikrá/Levítico 17:10-11 – “E qualquer homem da casa de Yisra'el, e do peregrino que habitar entre eles, que comer algum sangue, porei Minha ira na pessoa que comer o sangue e a banirei do seu povo. Porque a alma de cada criatura se acha ligada ao sangue, e Eu o dei a vós sobre o altar, para expiar pelas vossas almas; porquanto o sangue, ele é que expiará pela alma.” Adonai está declarando que aqueles que consomem sangue são seus inimigos. Ele é realmente sério sobre este ponto.
Não necessitamos de um médico para entender que “a vida está no sangue.” Se o sangue não estiver constantemente fluindo aos tecidos do corpo, o resultado será a morte. Sem sangue, sem vida. É simples assim. De um ponto de vista bio-espiritual, o sangue serve a várias funções.
Primeiro traz oxigênio e nutrição aos tecidos. Pense nas células vermelhas do sangue como sendo análogo ao alimento da Ruach HaKodesh (Espírito Santo) em nossas vidas através da Ruach/sopro de Elohim que nutre do corpo do Mashiach (a congregação), as partes que não são nutridas estarão em perigo e podem necrosar e terem que ser amputadas. Da mesma maneira que a vida física requer o oxigênio, a vida espiritual requer a Ruach HaKodesh de HaShem. Neste mundo, você não está verdadeiramente vivo a menos que você tenha ambos.
Segundo, o sangue é o veículo pelo qual o corpo é limpo. Produtos de desperdícios metabólicos são pegos pelo sangue e levados a centros de filtragem como o fígado e os rins. Se isto não ocorre-se, nossos tecidos absorveriam e acumulariam toxinas e poluentes, nos adoecendo e nos matando no final das contas. Isto é análogo à influência da Ruach em nossas vidas: removendo a toxidade do pecado permite o crescimento do amor que em troca conduz a alegria, paz, paciência, bondade, afeto, fidelidade, e auto-controle.
Terceiro, o sangue nos protege de doença. Seus leucócitos, ou células brancas do sangue, combatem os microorganismos que tentam invadir nossos corpos. Pense nesta função como sendo o equivalente ao papel da Ruach HaKodesh com um Acolchoado, o Espírito da Verdade – Yochanan/João 14:17 diz: “O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele está com vocês e ficará unido a vocês.” – que dá discernimento, a habilidade para lutar contra os ataques e falsos ensinos de haSatan. Se a Ruach não estiver presente dentro de nós, nós não teremos nenhuma defesa contra estas coisas.
Se nós soubéssemos o que é bom para nós, nós nunca questionaríamos a palavra do Eterno, mas sim, simplesmente a cumpriríamos.
3. Se privar do Sufocado (estrangulado)
Normalmente os sacrifícios no templo pagão eram levados para fora para cortar o seu pescoço, mas às vezes era por meio de estrangulação [Aparece no papiro sobre magia PGM XII, 14-95 (método para matar o animal sacrificado mediante sufocação para que deixe de respirar. Se incluem galos, perdizes e outros que podem ser colocados sobre o altar pagão)]. Este assassinato desumano de animais estava contra o espírito da Torá. A Torá proíbe que se coma sangue, mas não há instruções nas Escritas de como sacrificar um animal no caso do sacrifício de animais permitidos de serem levados ao altar. Com o objetivo de cumprir plenamente com os mandamentos da Torá contra a ingestão de sangue, os Sábios encontraram a necessidade de formular tais regras ou leis. A carne dos animais estrangulados foi certamente proibida, pela altíssima probabilidade de estar saturada de sangue.
Os crentes de origem pagã não participavam da cruel estrangulação de animais nos rituais que incluíam tais práticas. Nem deveriam comer a carne de animais estrangulados. Se os crentes gentios adquirissem carne no ambiente dos templos gentios havia uma probabilidade muito alta de serem carne de animal estrangulado.
4. Se privar da Fornicação.
A palavra traduzida como “fornicação” é PORNEIA do grego, a raiz da palavra “pornografia”. Alguns sugeriram que esta palavra PORNEIA neste caso descreve os matrimônios proibidos (i.e., por proximidade consangüínea) [W.K. Lowther Clarke, “New Testament Problems”,p.p. 59-60; F.F. Bruce, The Acts of the Apostles, p.300]. O fato é que em Vaikra/Levítico 18 discute as uniões proibidas, mas o Septuaginta (LXX) nunca usa a palavra PORNEIA para estes casos. Porneia é usado em 1ª Coríntios 5:1 para descrever incesto.
Evidentemente, aqui a palavra “porneia” é associada com as prostitutas do templo pagão [Hauch/ Schultz, “PORNEIA” em TDNT, 6:581s., concernente a PORNEIA em Atos 15 os autores chegam a conclusão que se refere a matrimônios proibidos.]. Era tão notório a prostituição no templo pagão em Corinto que a frase “jogar os coríntios” significa tomar parte em promiscuidade sexual [C.S. Keener, “Adulterio, Divorcio” en Dictionary of New Testament Background, p.12].
Possivelmente os apóstolos estavam se referindo a envolvidos com as prostitutas do templo pagão quando eles proibiram a “fornicação”. Seria considerado fora de toda a discussão para qualquer crente e então desnecessário dirigir isto particularmente aos crentes de origem pagã. Mas até mesmo, a proibição é dirigida a qualquer conexão com os rituais do templo pagão onde as prostitutas participavam, incluindo a qualquer tipo de apoio ou serviços a atividades que incluíam as prostitutas do templo, publicamente ou em secreto, visível ou não visível.
Em resumo, cada um das proibições está relacionado com algum aspecto específico do templo pagão e requer do crente de origem pagã se adaptar a halachá efetiva da comunidade judaica com respeito a assuntos de idolatria. A demanda de uma separação total da idolatria do templo pagão é enfatizada na frase final da proibição: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.” (Atos 15:29)
Os apóstolos sabiam que os crentes de origem pagã estavam dispostos a aceitar a rigidez relativa a halachá rabínica para a idolatria e em particular com relação aos templos gentios, para serem aceitos dentro da comunidade da Torá. Considera-se que isto representou um fardo pesado ao colocar neles parte do “jugo” da Torá oral mas que era essencial para a sua inclusão dentro da comunidade da Torá onde eles aprenderiam as Escritas e eles cresceriam na fé. Sua disposição em submeterem-se a estas regras adicionais deu à comunidade judaica a confiança necessária para receber esses que tinham abandonado completamente a idolatria e tinham se convertido ao único e verdadeiro Elohin, o Elohim de Yisra'el.
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30 Os mensageiros foram enviados e partiram para Antioquia, onde reuniram o grupo local e entregaram a carta.
31 Depois de lê-la, as pessoas ficaram deleitadas por seu encorajamento.
32 Iehudá e Silas, que também eram profetas, disseram muitas coisas para encorajar e fortalecer os irmãos.
33 Depois de passarem algum tempo ali, foram enviados com o cumprimento de “shalom” da parte dos irmãos àqueles que os enviaram.
34* [Alguns manuscritos incluem este versículo] Mas pareceu bem a Silas permanecer ali.
35 Sha'ul e Bar-Nabba permaneceram em Antioquia, onde, com muitos outros, ensinavam e anunciavam as boas-novas da mensagem a respeito do S-nhor.
36 Algum tempo depois, Sha'ul disse a Bar-Nabba: “Voltemos para visitar os irmãos de todas as cidades onde anunciamos a mensagem a respeito do S-nhor, para ver como estão indo”.
37 Bar-Nabba queria levar Yochanan, também chamado Marcos.
38 Mas Sha'ul considerava imprudente levá-lo consigo, porque ele os abandonou na Panfília, não permanecendo com eles no trabalho.
39 Houve um desentendimento tão profundo sobre isso que eles se separaram; Bar-Naba levou Marcos consigo, navegando para Chipre.
40 Sha'ul, porém, escolheu Silas e partiu, depois de os irmãos os terem encomendado ao amor e à bondade do S-nhor.
41 Ele atravessou a Síria e a Cilícia fortalecendo as congregações.
Comentários:
Vemos aqui que a reação a esta carta entre os que criam em Yeshua HaMashiach em Antioquia foi que as “ficaram deleitadas pelo seu encorajamento” O que eles acharam de encorajador nela? Por que eles se deleitaram? Porque, como tinha admitido francamente Kefa (Pedro), o “jugo” do legalismo (as práticas rabínicas) tinha se provado impossível para os judeus a manterem. Assim não seria pedido os crentes pagãos que agüentassem este fardo; lhes não exigiriam se agora que se tornassem judeus — com todas os privilégios auxiliares e responsabilidades que isto requiriria — para se tornarem judeus messiânicos. Porém, a mesma reação — alegria, felicidade, deleite — é visto naqueles que amam e estudam a Torá, como diz o Tehilim/Salmo 1:1-2 “Bem-aventurado [i.e., feliz] o homem... Antes tem o seu prazer na lei do Eterno, e na sua lei [Torá] medita de dia e de noite.”
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RESUMO
O Concílio de Jerusalém em Atos 15 está tratando um tópico específico: naquele tempo era necessário aos gentios serem feitos prosélitos ao Judaísmo e aceitar o “jugo” completo de leis feitas por homens para serem aceitos dentro da comunidade judaica.
A resposta do Beit Din Messiânico foi um firme “não” para este assunto. Usar a circuncisão como uma simples exigência a ser feita ao prosélito, como “um ritual de fazer-se prosélito”, não era necessário para um crente pagão que aspirava ser recebido na comunidade da Torá.
Porém, havia a necessidade de assegurar à comunidade judaica que esses gentios que confessavam a Yeshua como Mashiach tinham genuinamente abandonado qualquer forma de idolatria. Considerando que as culturas gregas e romanas eram centradas na adoração de ídolos dentro dos templos gentios era importante que a comunidade judaica estivesse disposta a receber os crentes de origem pagã sem temer que eles se arrastassem a idolatria.
Os apóstolos então, exigiram que gentios aceitassem os mandamentos e leis extras as bíblicas referentes ao tópico da idolatria. Estes eram:
  • não deveriam participar de qualquer alimento que fosse conectado pelo menos remotamente com a adoração de ídolos.
  • não deveriam participar em qualquer reunião ou cerimônia que envolvesse o uso errado de sangue como elemento de sacrifício.
  • não deveriam se envolver com qualquer ritual ou cerimônia que inclui a estrangulação de animais, e eles deveriam ter cuidado de não comer carne de animais mortos por estrangulação (algo comum nos rituais gentios).
  • deveriam tomar a iniciativa de se distanciar ou de manter qualquer contato ou apoiar as prostitutas do Templo que eles representavam nos documentos anexos do templo pagão.
A Torá escrita proíbe qualquer tipo de adoração a ídolos, os Sábios tinham posto um bom número de cercas ou cercados (barreiras) para distanciar o povo de ter contato com a idolatria, estas barreiras eram extraordinariamente bíblicas, porém os apóstolos consideraram essencial mostrar uma ruptura clara com a idolatria por parte dos crentes gentios. Mas desde que eles eram mandamentos de homens e não diretamente da Escritura, eles eram parte do jugo da Torá oral – as práticas rabínicas –, uma carga que os Sábios tinham colocado com maior autoridade e peso que a Torá escrita. Enquanto que os apóstolos não estavam dispostos a sujeitarem os crentes gentios a carga tão pesada de tradições que o próprio povo judeu não podia suportar, eles consideraram essencial exigir aos crentes gentios que mantivessem este halachá rabínica. Unicamente com essa exigência a comunidade judaica receberia com satisfação os crentes gentios que radicalmente tinham se separado de toda a idolatria.
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ADENDO: GÁLATAS 5
Posteriormente, vemos que Sha'ul volta a lidar com o assunto em Gálatas 5, com sua posição agora legitimada pelo Beit Din (Concílio). O livro de Gálatas foi escrito por volta da mesma época de Atos 15. Sha'ul novamente questiona a salvação por obras defendida por seus adversários. Chega a dizer que se eles se apoiarem na circuncisão para salvação, é inútil crer no Mashiach:
2 Ouçam bem minhas palavra: eu, Sha'ul, lhes digo que, se vocês se submeterem à b'rit-milah [por legalismo], o Mashiach não lhes servirá para nada.
Claro, se fôssemos salvos pela circuncisão, pra quê Yeshua precisaria ter morrido por nós? O erro aqui é o mesmo que é cometido pelos integrantes da Igreja de Cristo (vista anteriormente). Além disto, Sha'ul mais uma vez mostra que a salvação vem do coração, e que não importa se a pessoa, quando recebe o Mashiach, ainda não é circuncidada. Porque a salvação é em Yeshua:
6 Quando estamos unidos a Yeshua HaMashiach, nem circuncisão nem incircuncisão importam [para a salvação]; o que realmente tem proveito [para a salvação] é a fidelidade decorrente da confiança expressando a si mesma pelo amor.
A frase acima poderia ter sido dita aos integrantes da Igreja de Cristo, trocando “circuncisão” por “batismo”, e nem por isso estaríamos falando contra o batismo. Tanto batismo quanto circuncisão são questão de obediência, e não de salvação. Isto assegura o veredito eterno.
Primeiro, que a circuncisão é um ato de amor para marcar a fé da pessoa, não estabelece-la, e nem os judeus, os circuncidados, nem os akrobustia os que “lançaram fora seus prepúcios” tem qualquer posição, ou estão um sobre o outro. Nem os da casa de Yisra'el deveriam ver a circuncisão, ou a falta dela como um meio de um grau espiritual sobre o outro, mas como algo no qual o indivíduo que segue o mandamento de Adonai tem que fazer por si próprio.
A circuncisão não ajuda em nada no sentido que se abusou, esta estabelece uma parte de Yisra'el como mestre e a outra como escravos. Assim não ajuda nada em termos de restabelecer a igualdade em Yisra'el, contudo é um mandamento ao indivíduo no seu caminho pessoal com Adonai.
O Mashiach veio livrar ambas as casas (Iehudá e Efraim), e estabelecer igualdade, não um novo sistema de “obras da lei” (leis rabínicas), ou classificação, baseado em uma resposta imediata ao mandamento à circuncisão física corporativa, em vez da circuncisão física pessoal.
Porquanto a circuncisão não vem primeiro, mas sim, ela é o selo que sela a aliança com Yeshua HaMashiach Adoneinu (nosso S-nhor). Desta forma, é correto afirmar que: aprende-se a Torá, realiza-se a mikvê (imersão/batismo) em nome de Yeshua (e somente no nome D-le), aprende-se mais Torá, e finalmente passa-se pelo rito da circuncisão que sela o pacto da Aliança estabelecida pelo Eterno com Avraham Avinu (nosso pai); e com isto, nos tornamos parte do povo santo e sacerdócio real, luz para as nações.
Galutyah/Gálatas 6:12 diz:
Os que desejam causar boa impressão exteriormente são os que tentam fazer vocês se circuncidarem. A única razão pela qual fazem isso é para escapar da perseguição devida à pregação da estaca de execução do Mashiach.
Circuncisos orando sem Mashiach, ou como uma condição prévia para a aceitação pelo individuo do Mashiach, está em toda parte desfilando prepúcios em um jogo marcado, ou show, até mesmo como as denominações modernas que preenchem fichas de compromisso daqueles que professam um desejo por se batizar, fazendo um show de grandes números agradáveis.
Tristemente, muitos entre eles não tiveram uma experiência de regeneração. Efrayim usa “fichas de decisão, enquanto Iehudá usa “clubes de circuncisão”. O mesmo motivo errôneo e o mesmo raciocínio errôneo. A circuncisão só é requerida depois da verdadeira salvação e maturidade.
A nota anterior torna claro que Rav Shaul não está negando a instrução da Torá de circuncidar-se, mas mostrando onde é que estão as coisas na ordem de Adonai.

FIM!