terça-feira, 15 de setembro de 2009

Yom Kipur

O Dia da Reparação
  
Como podemos concertar nossa alma? Neste lapso não servem as ferramentas. O que você necessita é “colar”. Certamente, reparar uma alma é muito parecido com o recuperar uma relação: Necessita um veículo tão forte onde todos os defeitos sejam desejados, e seu desejo seja fixar-te somente no bem d outro. Yom Kipur é o dia no qual os unimos a nossa fonte superior (HaShem).
  
Comer Bem
 
Comer bem e abundante na véspera de Yom Kipur é uma Mitsvá (preceito). Na realidade, comer bem na véspera e jejuar o dia de Yom Kipur é considerado como se juntássemos ambos os dias.
Beba muito e não como nada pesado. Trate de comer nozes ou coisas que se aderem a seus dentes. Se tiver filhos, apóie suas mãos sobre suas cabeças e bendiga-os desejando-lhe a cada um, um ano bom e doce.
  
O Valor Terapêutico do Perdão
 
No Dia do perdão (Yom Kipur), se sela o veredito para a pessoa e para o mundo em geral, para o ano que começa.
É um dia de grande santidade, e em mérito da imensa Divindade que o ilumina, se produz o perdão dos pecados. Nós recebemos a santidade do dia através do jejum, das tefilot (orações) e da Teshuvá (arrependimento).
É o dia em que se adquire o nível máximo de união com HaShem, quando se revela o nível de maior espiritualidade da alma judaica, que recebe o nome de “Yechidá”. Apesar de sua solenidade, é um dos dias mais felizes do ano, porque neste dia recebemos o regalo mais sublime de HaShem, Seu perdão. Quando uma pessoa perdoa a outra, é por um profundo sentido de amizade e amor que anula e sobrepõe o efeito do mal que se tenha feito. Do mesmo modo a indulgência outorgada por HaShem é a expressão de seu amor incondicional e eterno para conosco.
Até mesmo quando nós transgredimos Sua vontade, nossa essência – a alma – permanece pura e sagrada.
Yom Kipur é o único dia do ano em que HaShem revela que nossa essência e a D'le são a mesma, pois nesse nível, o povo judeu é invisível, e todos os seus integrantes são realmente iguais. Em Yom Kipur cada pessoa pode e deve sentir-se na atmosfera especial da Shechiná ou Presença Divina. É por essa razão que em Yom Kipur jejuamos.
Comer expressa a conexão com o terreno, se consome coisas que provêm da terra e se convertem em parte de nosso próprio corpo. Em Yom Kipur estamos liberados desta limitação. Se entra num âmbito espiritual de eternidade e iluminação. Neste dia não comemos porque estamos num plano superior, além do terreno!
Se você pensa que deve uma disputa com alguém vá e peça que te perdoe. Também se desculpe com todos aqueles que te molestaram de uma ou de outra forma. Recorde-se que tal como você se comporta com teu próximo, do mesmo modo eqüitativamente HaShem se comporta contigo.
 
Kol Nidrei
 
Olhe para nossos Corações e não nossas Roupas
A primeira oração que nós recitamos em Yom Kipur é o Kol Nidrei, o cancelamento de nossos votos e promessas. Esta oração é muito antiga, a primeira versão escrita é atribuída ao Rabino Amram Gaón que viveu no século IX. Porém, teve um significado especial quando durante a Inquisição Espanhola os judeus foram forçados a se converter ao Catolicismo baixo de ameaça de morte. Externamente, os judeus se comportavam como os seus vizinhos espanhóis, mas no privado eles continuaram se dedicando ao Judaísmo. Uma vez por ano, os judeus se encontravam reservadamente para o serviço de Yom Kipur e recitavam o Kol Nidrei, anulando suas falsas vidas como católicos e afirmando seu compromisso para com o Judaísmo. O Kol Nidrei era sua proclamação que sua conduta externa não refletia o que eles realmente eram. Nossas almas são encerradas em engrenagens externas pelas quais nós pensamos, falamos e atuamos inclusive incongruentemente a nosso Judaísmo, mas, isso não é o que nós realmente somos. Em Yom Kipur, nós queremos transcender além das nossas engrenagens externas e localizar nosso verdadeiro ser, nossas almas interiores.
Quando o sol se põe no horizonte o Hazan (aquele que conduz o serviço) comove nossas almas com o Kol Nidrei. Porém, a oração mais importante durante Yom Kipur, a qual recitamos dez vezes, é o Vidui. O Vidui é a confissão e a aceitação de nossas responsabilidades pelos erros cometidos, quitando assim seus resíduos de nossas almas. Como não é fácil recordar todos os nossos erros, no texto do Machzor (Livro de Rezas) nos provê de uma lista por ordem alfabética o qual recitamos todos. Com cada confissão que pronunciamos nossas almas se libertam e se elevam ainda mais e mais alto, até alcançar sua máxima elevação durante as Tefilot de Neilá, quando os Portões do Céu começam a fechar-se.
 
“Que nossas promessas não sejam consideradas promessas, que nossos juramentos não sejam considerados juramentos.” - Kol Nidrei
  
O Quê, Como e Quando?
 
Kaparot – Na véspera de Yom Kipur, cedo pela manhã, se faz o ritual de “Kaparot” para saldar a possibilidade de um mal decreto Divino. Se utiliza um galo para os homens e uma galinha para as mulheres. Passa-se a ave por sobre a cabeça 3 vezes para transferir-lhe em forma simbólica nossos pecados, depois disso se dá a ave para o pobre como caridade.
 
Perdão – Nos reconciliamos uns com os outros e fomentamos o companheirismo e o amor ao próximo para que não caiamos em pecado entre nós, os quais não são redimidos em Yom Kipur se não houve reconciliação.
 
Acendimento das Velas – Na véspera de Yom Kipur, se acendem as velas de Yom Tov.
 
Jejum – Algumas pessoas pensam que Yom Kipur é um dia triste. Mas, é possível que o dia mais elevado do ano seja triste? É que justamente o ocupar-se das necessidades físicas neste dia sagrado seria o maior descenso, e ele nos desconectaria de nossa fonte e nos introduziria novamente dentro do mundano.
É por isso que nos vestimos com um “Talit” (manto) branco, para recordarmos que neste dia somos como os anjos, que não comem e nem bebem e se elevam espiritualmente.
O processo mais importante do dia é o jejum. Este começa no entardecer da entrada de Yom Kipur, antes do pôr-do-sol, e se finaliza com a saída das estrelas que simboliza a entrada do próximo dia e o término de Yom Kipur (aproximadamente 45 minutos após o pôr-do-sol).
Além da proibição de comer e beber, também se proíbe neste dia banhar-se, usar calçado de couro, as relações conjugais e o uso de cosméticos.
 
Tefilot (Orações) – Em Yom Kipur recitamos 5 tefilot: A noturna, que começa com o Kol Nidrei; Shacharit e Musaf durante a manhã; Minchá e Neilá antes do anoitecer.
Durante Yom Kipur depois da leitura da Torá se recita o “Izcor” (Serviço Recordatório) para recordar as almas de nossos entes queridos. Durante este serviço nós pedimos a HaShem que se lembre das suas almas. Também é uma oportunidade espiritual sem igual para nos reconectar, embora por alguns momentos, com esses que não estão mais fisicamente conosco.
É costume durante o “Izcor” prometer doar dinheiro para caridade em mérito de suas almas. Obviamente como não utilizamos dinheiro em Yom Kipur o dinheiro prometido é entregue a caridade nos dias subseqüentes.
Em casa recitamos o “Vidui” (confissão).
 
Preparativos para Sucot – Logo após quebrar o jejum é costume começar com os preparativos de armar a Sucá.
 
Finalizando
 
Para concluir-se o Yom Kipur, recitamos a “Havdalá” na sinagoga e retornamos a nossos lares para comer uma ceia festiva. Nos desejamos uns aos outros um “GUT YON TOV” (Feliz Festa!). De acordo com os ensinamentos de Baal Shem Tov, nos encontramos no dia mais puro do ano já que nossas almas estão limpas e brilham como novas.
 
Yom Kipur é o dia mais elevado do calendário, por isso:
  • Não realizamos nenhum trabalho (como no Shabat).
  • Não comemos, nem bebemos nada (exceto ante o perigo de vida).
  • Não tomamos banho.
  • Não nos lavamos mais do que o mínimo necessário.
  • Não utilizamos calçado de couro.
  • Não temos relações conjugais.

Os Dez Dias de Teshuavá (Retorno)

Voltando ao Criador
 
Os dias que ocorrem entre Rosh Hashaná e Yom Kipur são conhecidos como os dez dias de Teshuvá.
Arrependimento insinua que você se comportou mal e então você deve se retificar. Comumente a palavra Teshuvá muitas vezes é mal traduzida como arrependimento, “Teshuvá” significa realmente “Retornar”.
Isto significa que essencialmente você é sempre bom, só que pelas coisas da vida você se desvia de sua "base", e a única coisa que você tem que fazer é redescobrir seu interior, seu verdadeiro lugar e voltar lá.
Um retorno a nossa verdadeira essência, a que sempre permanece conectada a sua fonte. O caminho da "teshuvá" começa com um sincero arrependimento pelas nossas transgressões e a firme decisão de abandonar essas práticas. Também é o desejo para se acercar mais de HaShem pela oração e o incremento em nossa execução dos preceitos, particularmente no preceito de dar caridade aos necessitados, o qual “redime” a alma de sua prisão espiritual. Nas palavras do Zohar, “A Teshuvá faz retorno a presença Divina, a fonte da alma, do exílio para o qual foi confinada pela transgressão".
Esta é a época mais espiritual do ano, é um momento no qual nossas almas estão mais próximas do céu do que da terra, quer percebamos isto ou não, é assim. Durante o ano a alma pode elevar-se muito, mas nestes dias a alma pode chegar até sua própria essência. Use estes dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur para meditar, orar, para estudar a Torá e cumprir mais Mitsvot.
 
“Teshuvá redime a Fonte da alma de seu exílio, e faz retornar o fluxo das manifestações Divinas ao lugar correto”. - Zohar

A Chegada das Festas

Rosh Hashaná: O Ano Novo Judaico
É Rosh Hashaná, chegou o dia de dizer, “Eu sou judeu, eu pertenço a este povo, eu me conecto, eu me identifico”. Uma vez estabelecido isto, você pode dar o próximo passo, conectando-se mais, estudando mais a Torá, pondo-se num melhor estado (espiritual). Mas, tudo começa com a idéia de saber quem você é.
 
O Elogio dos Filhos de Adam
A primeira ação de Adam, foi a de proclamar a HaShem como “Rei do Universo” e para ele convocou todas as criaturas viventes. A cada Rosh Hashaná, nós também proclamamos a HaShem como Soberano absoluto do universo. A cada ano, nesta data, pedimos ao Criador que aceite reinar sobre nós e por isso a palavra Mélech (Rei) aparece constantemente nas tefilot (orações) destes dias.
 
O Dia do Juízo – Yom Hadín
Todas as criaturas do universo são submetidas ao juízo de HaShem. Entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, O Juiz Supremo decide o destino de cada ser humano.
 
O dia de fazer soar o Shofar – Yom Terúa
Rosh Hashaná é chamado “o aniversário do universo". É o dia no qual o Grande Programador de todas as coisas” se dedica a considerar se vale a pena todo o universo e então “reiniciar o sistema”. Na realidade, Rosh Hashaná literalmente significa “Cabeça do Ano". Assim, como a cabeça contém todos os "controles" para todos os órgãos do corpo, Rosh Hashaná é o tempo em que cada dia do ano você "reinicializa" dentro do "sistema".
Se proclama o dia solene com o som do Shofar. O som do shofar inspira reverência e é um chamado a humanidade, a reflexão e ao arrependimento.
É um espaço crucial, onde cada momento de Rosh Hashaná deve ser preenchido com bons pensamentos, boas palavras e boas ações. Quando isto acontece eu “reinicio”? Acertou! Com o primeiro toque do Shofar.
Rosh Hashaná tem uma única Mitsvá: Ouvir o som do Shofar. Um simples chifre de carneiro. Depois da leitura da Torá, 30 soares são emitidos pelo Shofar em uma ordem pré-determinada. Mais tarde, são emitidos outros 70 soares completando um total de 100 vozes. O Shofar é escutado em ambos os dias de Rosh Hashaná.
Teu Despertador Pessoal é escutado cem vezes em Rosh Hashaná através do Shofar. O Shofar é um chifre de carneiro, o antigo e primitivo instrumento de sopro, ainda continua comovendo as fibras mais íntimas de nossas almas. O som é simples e melancólico, um lamento mais profundo do coração, como o de um filho que procura seus pais. É um chamado para que avaliemos nossos atos e melhorarmos nosso caminhar, tal como é expresso no verso: “Despertem do seu sonho os que estão dormindo e o entorpecidos pela sua letargia, examinem suas ações, retornem e se lembrem de seu Criador". - Maimônides, Leis do Arrependimento 3:4
O Shofar proclama ao coroação de HaShem como o Rei do Universo e nos lembra dos grandes eventos envolvidos com um chifre de carneiro. Depois de estar a ponto de sacrificar o seu filho Ytschac, nosso patriarca Avraham sacrificou um carneiro no seu lugar; o som de um de seus chifres foi escutado 363 anos mais tarde quando nós recebermos a Torá no monte Sinai. O som do outro chifre anunciará a segunda vinda do Mashiach e a redenção final do povo judeu.
 
O Shul
Por que quando o Mestre do Universo esta ocupado com temas tão importantes, aborrecê-lo com nossas tefilot? Sem nossas tefilot (orações), Ele dirige o mundo como o faria um rei, com um juízo rígido e impessoal. Nosso objetivo é criar uma relação bidirecional, mais próxima e semelhante a uma relação pai-filho. Na realidade, o som do Shofar emula o grito de um filho que chama a seu pai. Este é o segredo que se esconde por trás da famosa oração: "Nosso Pai, Nosso Rei".
 
O Livro da Vida
No início do serviço noturno da primeira noite de Rosh Hashaná se costuma a desejar mutuamente “LESHAMÁ TOVÁ TIKATEV VETECHATEM”, que significa: “Para um bom ano, que sejas inscrito(a) e selado(a)”. Se temos méritos seremos inscritos no Livro da Vida e dez dias depois, em Yom Kipur seremos selados. Através do arrependimento sincero, da oração de coração e da caridade podemos endossar os decretos Divinos e ser merecedores da benção de HaShem.
 
O Quê, Como e Quando?
Ascendimento das velas – Na véspera de Rosh Hashaná se ascendem as velas de Yom Tov. No segundo dia antes do ascendimento das velas, se coloca na mesa uma fruta fresca da estação e ao recitar a benção de Shehechianu, devemos ter presente em nossa mente essa fruta fresca.
O som do Shofar – Este é o preceito central e mais importante da festa. Se faz soar o Shofar todos os dias de Rosh Hashaná durante as orações da manhã.
Tashlich – O Tashlich se realiza no primeiro dia de Rosh Hashaná. Depois da oração da tarde, antes do pôr-do-sol, se costuma ir a uma fonte de água natural, rio ou mar que contenha peixe, e se recita o texto do Tashlich. A água simboliza a bondade de HaShem, os peixes representam os olhos do Criador que sempre se encontram abertos velando por Suas criações. Este costume tem como objetivo despertar a Misericórdia Divina e simboliza o cessar de todos os nossos pecados; pois através do recitar de algumas orações (Machzor) onde nós invocamos a Grande Piedade de HaShem que prometeu lançar nossos pecados às profundezas dos mares.
 
“A terra estará cheia do conhecimento de HaShem como as águas cobrem o fundo do oceano.” - da Liturgia do Tashlich

As palavras do profeta Michá (Miquéias) fazem menção nestas orações, elas contêm o significado por detrás deste costume: “[HaShem] lançará suas transgressões nas profundezas do mar". A Cabalá ensina que a água simboliza a bondade, e os peixes sempre lembram os olhos sempre aberto da Divina providência. O peixe ao não ter pálpebras, seus os olhos sempre estão abertos. As criaturas do mar representam de acordo com a Cabalá a união com as coisas Divinas. Os homens justos são chamados de “peixes do mar", já que como os peixes são rodeados pelo mar, os justos estão completamente imersos nas águas da Torá totalmente unidos a HaShem.
Durante as Refeições – Nossa relação com o Criador é tão sólida pelo que nós começamos a celebrar um bom ano antes que este comece. Por isso em ambos os dias de Rosh Hashaná fazemos tanto jantares quanto almoços festivos. Estas Festividades são muito ricas em simbologia que representam um ano doce e bom.
Em Rosh Hashaná depois do Kidush é costume comer alimentos que simbolizam doçura, bençãos e abundância. Nós comemos um pedaço de Chalá (pão trançado) encharcado em mel. Na primeira noite, de Rosh Hashaná também se satura um pedaço de maçã com mel.
Antes de comer dela recitamos: Bendito sejas Tu, Eterno nosso Elohim, Rei do universo, Criador do fruto da árvore. Seja Tua vontade renovar nosso ano bom e doce, em nome de Yeshua nosso Mashiach.
Ouros costumes incluem comer a cabeça de um peixe (simboliza que estamos sempre na cabeça), granada (simboliza que tenhamos muitos méritos como os grãos da granada) e cenouras cujo nome em idish é Mern – aumentar, indica que nos multipliquemos.
É costume não comer durante Rosh Hashaná alimentos com sabor azedo ou amargo. Tampouco comemos nozes porque o valor numérico da palavra “Egoz”, noz é igual a da palavra heréia “Chet” que significa pecado.
A estratégia é simples, quando um pai vê que os seus filhos têm confiança nele, normalmente reage da mesma maneira para com eles, e este mesmo princípio é aplicável a Nosso Pai Celestial. Na segunda noite de Rosh Hashaná comemos uma fruta fresca da estação imediatamente depois do Kidush.